Comemorações do 10 de junho ficaram marcadas pelo discurso de João Miguel Tavares
Esta segunda-feira foi dia de festa em Portalegre, com a cidade alentejana a acolher as comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Marcelo Rebelo de Sousa não podia deixar de estar presente. O Presidente da República cantou bem alto os sucessos alcançados pelos portugueses, do futebol à ciência, mas alertou que não podemos apagar os nossos erros e muito menos esquecê-los:
"Não podemos nem devemos omitir ou apagar os nossos fracassos coletivos, os nossos erros, antigos ou novos. Não podemos nem devemos esquecer ou minimizar insatisfações, cansaços, indignações, impaciências, corrupções, falências da justiça, exigências constantes de maior seriedade e ética na vida pública."
Apesar dos recados de Marcelo Rebelo de Sousa, quem mais de destacou na hora de se dirigir aos portugueses foi João Miguel Tavares. O jornalista portalegrense, escolhido para presidir as comemorações oficiais do 10 de junho, colocou o dedo na ferida:
"Não é fácil saber porque é que estamos a lutar hoje em dia (...) A integração na Europa do Euro não correu como queríamos, construímos autoestradas onde não passam carros, traçámos planos grandiosos que nunca se cumpriram. Afundámo-nos em dívida, ficámos a um passo da bancarrota três vezes. Três vezes já tivemos de pedir o auxílio externo em 45 anos de democracia. É demasiado. (...)
Perguntamos como foi isto possível? Criámos comissões de inquérito para encontrar responsáveis. Descobrimos um país amnésico, cheio de gente que não sabe de nada, que não viu nada, que não ouviu nada. (...)
Aquilo que se pede aos políticos, sejam eles de esquerda ou de direita, é que nos deem alguma coisa em que acreditar. Que alimentem um sentimento comum de pertença. Que ofereçam um objetivo claro à comunidade que lideram. Nós precisamos de sentir que contamos para alguma coisa para além de pagar impostos."