O piquenique que se tornou num símbolo do fim da União Soviética é celebrado há três décadas na Hungria.
A 19 de agosto de 1989, a cidade húngara de Sopron , na fronteira com Áustria, preparava-se para celebrar um piquenique simbólico pelo fim da Guerra Fria.
O que as autoridades húngaras, ainda sob o regime comunista, não esperavam é que cerca de 600 pessoas da Alemanha do Leste quisessem também participar, usando a passagem da fronteira para rasgar a cortina de ferro.
A travá-las, seis guardas armados. O uso da violência era uma opção. Mas, perante a falta de ordens diretas das autoridades húngaras, o comandante escolheu um caminho diferente. Uma decisão que tornou um piquenique numa arma pan-europeia contra o comunismo.
O Tenente Coronel Árpád Bella é o homem a quem coube escolher o desfecho daquele momento. Hoje, olhando para trás, acredita ter tomado a decisão certa.
"Tomei aqui a decisão que as altas patentes deveriam ter tomado. Ninguém decidia nada. Bem, eles decidiram, mas tinham medo que a situação acabasse mal, se, por exemplo, Gorbatchov mudasse de opinião. Aí teríamos problemas. E quem é que seria responsabilizado? Eu", conta.
Para a História, o piquenique pan-europeu ficou como um passo simbólico decisivo nas negociações entre Hungria, Alemanha Ocidental e Oriental e a União Soviética.
"Eles estavam a testar a União Soviética e Alemanha do Leste. Se aceitavam isto e até que ponto", afirma o historiador Ignác Romsics.
Um mês depois, a Hungria abriu as fronteiras a todos os 30 mil refugiados da Alemanha do Leste a residir no país. Três meses mais tarde, caía o muro de Berlim.