Das ruas e da toxicodependência para o "É um restaurante"

Das ruas e da toxicodependência para o "É um restaurante"
De  Ana Serapicos
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Por detrás dos pratos que ali serão servidos estão pessoas que procuram segundas oportunidades. Muitos não tinham emprego, outros não tinham onde viver e alguns lutam contra a toxicodependência

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Começou por ser uma ideia e agora "É um restaurante". Foi inaugurado em Lisboa um novo espaço de restauração com uma equipa diferente da norma. Por detrás dos pratos que ali serão servidos estão pessoas que procuram segundas oportunidades. Muitos não tinham emprego, outros não tinham onde viver e alguns lutam contra a toxicodependência.

Alexandra Peralta, um dia sem-abrigo e toxicodependente, faz parte do projeto. Aos jornalistas contou que quer estabilizar a sua vida profissional. Apesar de nunca ter deixado de trabalhar, nem mesmo quando se viu obrigada a viver na rua durante um ano, Alexandra Peralta vê o "É um restaurante" como "uma nova oportunidade que estão a dar às pessoas, sabendo os problemas que têm, muitos de consumos."

"Falo por mim", diz Alexandra, indicando que um dos problemas que tinha noutros empregos era o de não conseguir gerir a toxicodependência com a vida profissional. "Não fazia o turno da manhã porque tinha de ir tomar a metadona", conta. "Tinha de inventar mil e uma desculpas para não fazer o turno da manhã, porque o patrão não ia entender a minha dificuldade", referiu. "E aqui é diferente".

"Não fazia o turno da manhã porque tinha de ir tomar a metadona".
Alexandra Peralta
Toxicodependente e membro do "É um restaurante"

Vestida com a farda do restaurante, Alexandra deixou elogios às formações que recebeu para poder estar ali.  "Somos os pioneiros. Virão mais pessoas, se Deus quiser, continuar a formação e dar a oportunidade, também, a mais pessoas que estão na rua e que precisam de apoio", disse a Alexandra.

"Estou preparada, sou muita positiva, isto vai andar para a frente", afirmou com um sorriso.

Alexandra Peralta

Rui Coelho também faz parte do grupo pioneiro que embarcou na nova oportunidade. Viveu em bruxelas durante vários anos e regressou a Portugal há cinco. Desde então não tem conseguido arranjar emprego por causa da idade, diz. "Já tenho quarenta e muitos anos, se não forem estas oportunidades, não conseguia arranjar emprego em lado algum."  Vive com os pais e não tinha experiência na área da restauração, nem em "quase nenhuma área", como disse. Rui Coelho diz que "É um restaurante" é um projeto "gratificante", apesar da adaptação inicial ter sido "difícil", como diz. 

A esta causa juntou-se o chef Nuno Bergonse, responsável pelo menu do "É um restaurante". Segundo o chef, a cozinha do novo espaço é uma "cozinha de conforto e de partilha", incluindo "vários pratos com raízes portuguesas, mas com algum toque de criatividade".

Chef Nuno Bergonse

"Isto é mais do que um restaurante, é uma oportunidade para toda a gente", diz o chef. 

Segundo o diretor da CRESCER, a associação responsável pelo projeto, Américo Nave, o "É um restaurante" tem como objetivo "integrar pessoas que estão numa situação de vulnerabilidade" através da comida. 

"O que queremos com este projeto é diminuir o estigma que existe com estas pessoas que estão em situação de sem-abrigo. Há normalmente um mito de que estas pessoas são preguiçosas, não querem sair da rua, não querem trabalhar, e queremos combater esse mito e esse estigma que existe", declarou Américo Nave.

O restaurante abre portas a 1 de outubro.

Outras fontes • LUSA

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