Tragédia ambiental à espreita no Quirguistão

Tragédia ambiental à espreita no Quirguistão
Direitos de autor REUTERS/Pavel Mikheyev
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De  Bruno Sousa
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Aterros de urânio herdados da União Soviética estão ao abandono e a degradação ameaça as vidas de 14 milhões de pessoas

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O arame farpado e os sinais de alerta que sobreviveram ao tempo há muito perderam o efeito desejado e hoje em dia os degradados aterros de urânio fazem parte do quotidiano de Mailuu-Suu. Uma cidade mineira no Quirguistão que foi em tempos uma cidade secreta ao serviço do programa nuclear soviético mas cuja mina já fechou há mais de 50 anos.

Para Tynarbek Dokbayev, diretor do Centro Médico de Mailuu-Suu, a degradação das últimas décadas salta à vista:

"Trabalho aqui há 35 anos. Quando cheguei, os aterros de urânio eram uma zona restrita, protegida por arame farpado. Hoje está tudo partido, derrubado. Houve pessoas que construíram casas e vivem lá."

A ameaça do aterro não impede que o dia-a dia decorra normalmente na cidade mas nem por isso deixa de estar uma tragédia ambiental à espreita. Não seria a primeira vez, em 1958 uma represa rebentou e libertou milhares de toneladas de material radioativo. Hoje, o impacto seria bem pior.

O ambientalista Bolotbek Karimov explica que "devido à falta de manutenção, todos os aterros de urânio estão atualmente impróprios para uso, especialmente as represas que deviam conter a água para evitar a erosão dos aterros. Moram 14 milhões de pessoas no vale de Fergana, caso haja um desastre natural a água pode contaminar o rio Naryn. Seria uma tragédia para toda a região."

Mesmo sem a tragédia, Mailuu-Suu já esteve entre as dez cidades mais poluídas do planeta e as taxas de incidência de cancro são 50% superiores à média nacional. A Comissão Europeia tem atualmente um projeto em curso para inverter a situação mas precisa de angariar 30 milhões de euros.

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