Líder da Câmara dos Representantes rasga discurso de Donald Trump

O final do discurso marcou a sessão do Estado da Nação de Donald Trump
O final do discurso marcou a sessão do Estado da Nação de Donald Trump Direitos de autor AP/ Susan Walsh
De  Francisco Marques com AP
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Comunicação de Donald Trump perante o Congresso fica marcada pela manifestação de oposição de Nancy Pelosi, a mais alta representante democrata eleita nos Estados Unidos (ver vídeo)

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O final do discurso do Estado da Nação de Donald Trump ficou marcado, esta terça-feira à noite, em Washington, por uma manifestação clara de oposição.

Assim que o Presidente concluiu a comunicação perante o Congresso, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, rasgou a respetiva cópia do discurso.

"Era um manifesto de falsidades", justificou aos jornalistas, à saída do Congresso, Nancy Pelosi, a mais alta representante democrata eleita atualmente nos Estados Unidos, cujo cumprimento inicial de cortesia ao Presidente foi totalmente ignorado por Trump no momento da entrega da cópia do discurso.

Nancy Pelosi viria a publicar posteriormente um comunicado a acusar o Presidente de ter iludido os norte-americanos.

"Este manifesto de falsidades deve ser uma chamada à ação de todos os que esperam a verdade por parte do Presidente e políticas dignas do seu gabinete e do povo americano. O povo americano espera e merece que um Presidente tenha integriddae e respeito pelas aspirações dos seus filhos", escreveu a Presidente da Câmara dos Representantes.

O Estado da Nação de Donald Trump aconteceu em vésperas da decisão do Senado sobre o processo de destituição aprovado pela câmara baixa do Congresso norte-americano, dominado pelos Democratas, mas que deverá ser arquivado pela câmara alta, dominada pelos Republicanos.

Nancy Pelosi’s Reactions to the State of the Union

Nancy Pelosi spoke volumes at the State of the Union without saying a word

Publiée par NowThis Politics sur Mardi 4 février 2020

Ao longo do discurso, o processo foi omitido por Trump, que preferiu focar-se numa comunicação focada no alegado "grande regresso americano", já em modo campanha eleitoral.

"A nossa agenda é incansavelmente pelo emprego, pela família, pelo crescimento e, sobretudo, por todos os americanos", afirmou Donald Trump, reclamando diversos triunfos por comparação com Barack Obama. Nem sempre, recorrendo à verdade.

"Desde a minha eleição, criámos sete milhões de novos postos de trabalho. Mais cinco milhões do que os especialistas do Governo previram durante a anterior administração", afirmou o Presidente.

A equipa de verificação de factos do jornal New York Times sublinha, contudo, que a economia americana está longe dos melhores tempos.

Embora esteja a caminho do recorde de 11 anos a crescer, com o desemprego em mínimos de quase 50 anos, a taxa de crescimento da economia e o aumento dos salários dos trabalhadores da classe média está bem abaixo dos melhores dias.

A equipa de verificação de factos do jornal USA Today precisa por outro lado que a criação de postos de trabalho desde que Trump tomou posse ascende a 6,7 milhões, podendo até ser inferior (os números finais são revelados sexta-feira) e lembra que só nos últimos 35 meses da administração Obama foram criados oito milhões de postos de trabalho.

Apesar do evidente atrito entre Republicanos e Democratas por causa do processo de destituição em curso, houve um momento em que o Congresso aplaudiu em uníssono.

"Esta noite, está connosco um homem corajoso, que carrega com ele a esperança e as ambições de todos os venezuelanos. O verdadeiro e legítimo presidente da Venezuela, Juan Guaído", anunciou Donald Trump.

Os congressistas viraram-se para a galeria onde o rival de Nicolás Maduro e aplaudiram. Guaidó respondeu com acenos de agradecimento.

O elefante na sala, entenda-se o processo de destituição, só se fez sentir uma vez no discurso de Trump. Mas de forma indireta.

"Membros do Congresso, nunca nos devemos esquecer que as únicas vitórias que interessam em Washington são as vitórias que interessam ao povo americano. O povo é o coração da nação. Os sonhos do povo são a alma da nação. O amor do povo é o que dá força e o que sustém a nação. Devemos sempre lembrar-nos que o nosso trabalho é colocar a América em primeiro", afirmou.

A referência foi seguida de aplausos pela bancada republicana e um sorriso nervoso de Adam Schiff, o senador democrata que lidera a equipa de acusação contra Donald Trump.

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O presidente conta ser absolvido esta quarta-feira pelo Senado e por isso, como referem alguns observadores, terá aproveitado este discurso do Estado da Nação para iniciar já a campanha para a reeleição em novembro.

Outras fontes • New York Times, USA Today, NBCNews

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