Sérvios protestam em Montenegro

"Não estamos a dar os nossos locais sagrados", essa é a frase de ordem das centenas de manifestantes que, duas vezes por semana, se manifestam em prol da Igreja Ortodoxa sérvia em Montenegro.
As manifestações antigovernamentais começaram em dezembro, após o Parlamento de Montenegro ter aprovado uma lei que prevê a nacionalização de bens que as igrejas não conseguirem provar que a propriedade é anterior a 1918, altura em que o país perdeu a independência e foi anexado ao reino dos sérvios, croatas e eslovenos.
Para o líder da oposição pró-Sérvia, Andrija Mandic, a legislação é discriminatória.
"Os cidadãos de nacionalidade sérvia são cidadãos de segunda classe. Existe um problema real, criado pelas autoridades: Os sérvios são discriminados quando se trata de programas de investimento, discriminados pelos programas nacionais de educação, discriminados quando se trata de política de emprego. Sendo sérvio, não se pode obter posições-chave nas administrações do Estado, nem no Exército, nem na polícia. Neste momento, ainda por cima, temos um ataque contra a nossa igreja. O Governo quer dar um último golpe à nossa existência nestes territórios onde vivíamos historicamente".
Estes sentimentos da população sérvia são perigosos, de acordo com Andrej Nikolaidis. O escritor deu início a uma petição de apoio ao Governo de Montenegro, assinada por importantes intelectuais de toda a região dos Balcãs Ocidentais.
"Reconheço os mesmos sinais que antecederam as guerras na Croácia e na Bósnia... Nesta situação particular de Montenegro, como a narrativa sobre a chamada opressão dos sérvios em Montenegro... Antes da guerra na Croácia, houve uma narrativa de opressão dos sérvios na Croácia, e depois começou a guerra. Então fomos informados de que os sérvios eram oprimidos na Bósnia - e a guerra na Bósnia começou. Depois, de repente, pareceu-nos que os sérvios também eram oprimidos no Kosovo - depois houve uma guerra no Kosovo...".