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O drama das famílias a quem a Covid-19 ceifou vidas

O drama das famílias a quem a Covid-19 ceifou vidas
Direitos de autor  BALDESCA SAMPER/AFP or licensors
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De Ricardo Figueira & Jaime Velázquez
Publicado a Últimas notícias
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Em Madrid, a euronews foi conhecer a história daqueles que não puderam despedir-se dos entes queridos mortos pela epidemia.

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Palácio de Gelo, Madrid: O que era até há pouco tempo um local de divertimento é agora um dos sítios mais tristes e mais macabros de toda a Espanha. Transformado em morgue devido à saturação das morgues dos hospitais, é aqui que ficam os corpos dos mortos com Covid-19.

O corrupio de carrinhas vermelhas, que levam os corpos, não para. Aqui, só pessoas especialmente formadas e equipadas podem trabalhar. Cada viagem destas carrinhas tem por detrás histórias de sofrimento humano.

A história de Encarni

Encarni Calvache só sai de casa para levar comida à irmã, doente. Seis membros da família foram atingidos pela Covid-19. O pai morreu e a mãe está a recuperar no hospital.

"É como olhar para o mar e ver uma onda lá muito ao longe. De repente, o que parecia estar longe está mesmo por cima de nós e leva-nos", conta.

Para evitar a transmissão da doença, a família dos doentes não os pode acompanhar nos últimos momentos: "Não poder despedir-me dele fisicamente... Não poder abraçar a minha mãe, que estava noutro quarto... Tudo isso tem sido muito difícil", recorda Encarni, que conseguiu mandar uma carta de despedida ao pai, que lhe foi lida pelas enfermeiras: "Estão a dar tudo para cuidar dos nossos familiares. Dão o seu melhor para estarem onde não podemos estar por causa do confinamento. Isso é muito importante, dá-nos muita paz de espírito".

É como olhar para o mar e ver uma onda lá muito ao longe. De repente, o que parecia estar longe está mesmo por cima de nós.
Encarni Calvache
Filha de vítima mortal

O papel dos psicólogos

Os psicólogos e cuidadores procuram novos meios de dar assistência àqueles que estão impedidos de fazer um luto normal, por culpa das circunstâncias.

José Carlos Bermejo é psicólogo e trabalha para a associação católica "San Camilo". Conta-nos o que sentem estas famílias: "Sentem, sobretudo, impotência e desolação, porque não podem cumprir a promessa de estar ao lado do ente querido, à cabeceira, nos momentos difíceis. Sobretudo nas últimas horas".

Bermejo criou uma cerimónia digital para substituir um funeral clássico: "Como dizer que estamos ao lado da pessoa e que a amamos? Domo visualizar o ente querido sem estar presente, porque está no hospital? Estão a surgir respostas muito saudáveis, que reforçam os laços entre as pessoas através da tecnologia", diz.

"A pandemia de Covid-19 desumanizou um dos aspetos mais difíceis da vida: chorar os mortos. Os funerais e velórios estão proibidos. Em Madrid, a vida termina num frio palácio de gelo", conta Jaime Velázquez, correspondente da euronews em Madrid.

Espanha atinge, por estes dias, novos recordes em termos de infeções e de mortes por Covid-19. Depois de Itália, é o país mais afetado pela epidemia na Europa.

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