Dia de Portugal: Marcelo diz que é tempo de fazer mudanças com coragem

O Presidente da República defendeu hoje que é tempo de Portugal acordar para a nova realidade resultante da pandemia de Covid-19 e fazer as mudanças que se impõem, com coragem, sem voltar às soluções do passado.
Durante o discurso na cerimónia comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Lisboa. Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: "Não podemos entender que nada ou quase nada se passou, como não podemos admitir que algo de grave ou muito grave ocorreu e esperar que as soluções de ontem sejam as soluções de amanhã, como não podemos concordar com a inevitabilidade da mudança e nada fazer por ela".
O Presidente da República apontou os próximos meses e anos como "uma oportunidade única para mudar o que é preciso mudar com coragem e determinação" e rejeitou que se opte por "remendar, retocar, regressar ao habitual, ao já visto, como se os portugueses se esquecessem do que lhes foi, é e vai ser pedido de sacrifício e se satisfizessem por revisitar um passado que a pandemia submergiu".
Na sua intervenção, de cerca de dez minutos, Marcelo Rebelo de Sousa criticou também que se pense que "é já chegada a hora de fazer cálculos pessoais ou de grupo, de preferir o acessório àquilo que durante meses considerámos essencial, de fazer de conta que o essencial já está adquirido, já passou, já cansou, já é um mero álibi para apagar a liberdade e controlar a democracia".
No seu entender, a situação em que Portugal se encontra, três meses depois de terem sido detetados os primeiros casos de Covid-19 no país, só foi possível porque os portugueses se comportaram "com sensatez e maturidade", porque "os políticos fizeram uma trégua de dois meses e uniram-se no essencial", porque os serviços básicos "não faltaram" e na saúde houve um "heroísmo ilimitado, a fazer de carências e improvisos excelência".
Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que tenciona, "após a pandemia", promover uma "cerimónia ecuménica de crentes de várias crenças e de não crentes para homenagear os mortos, envolvendo as suas famílias no calor humano de que foram privadas semana após semana".
Devido à pandemia de Covid-19, o Presidente da República cancelou no final de março as comemorações do 10 de Junho que estavam previstas para a Madeira e África do Sul e optou por fazer em Lisboa uma cerimónia "pequena, simbólica", com apenas seis convidados, como seu entender deveriam ter sido celebrados o 25 de Abril e o 1.º de Maio.
Nesta cerimónia, antes de Marcelo Rebelo de Sousa, discursou o cardeal e poeta madeirense José Tolentino Mendonça, escolhido pelo chefe de Estado para presidir à comissão organizadora das comemorações do Dia de Portugal.
Os seis convidados presentes foram o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o primeiro-ministro, António Costa, e os presidentes do Tribunal Constitucional, Manuel da Costa Andrade, do Supremo Tribunal Administrativo, Dulce Neto, do Supremo Tribunal de Justiça, António Piçarra, e do Tribunal de Contas, Vítor Caldeira, seis altas entidades que estão nos primeiros lugares da lista de precedências do Protocolo do Estado.