A Euronews foi conhecer por dentro o problema dos doentes crónicos que viram tratamentos necessrios ser suspensos devido à pandemia. O reforço dos meios hospitalares é urgente, mas há um problema
O impacto da Covid-19 no serviço de saúde em Espanha implicou deixar em suspenso muitos outros utentes como os que sofrem de patologias crónicas e estão dependentes de certos tratamentos. O reforço de meios hospitalares é um das reclamações, mas o contexto não ajuda.
A Euronews foi conhecer o caso um dos cerca de 19 milhões pacientes crónicos em Espanha.
Teresa Tejero sofre de obesidade mórbida e estava a aguardar uma redução cirúrgica do estômago. A chegada da pandemia obrigou a suspender a operação e isso teve outras consequências na vida desta paciente crónica.
"Estar confinada implicou por um lado ter mais ansiedade por estar em casa e ter mais necessidade de comer. Isto agravou-me o problema num joelho que já se vinha a arrastar e que agora se tornou mais urgente. Obriga-me a tomar mais medicação e também me colocou um travão na minha mobilidade diária", lamenta Teresa.
Com o serviço de saúde espanhol mais focado na pandemia, Teresa vê-se obrigada ao sedentarismo e agora prevê que a cirurgia de que precisa seja retardada mais de um ano. Algo que vai ter de conseguir gerir durante uma situação que reconhece ser delicada para o país.
"Há mortos e como há mortos o que foi decidido foi remar para a frente, não para trás, e eu concordo que é o que deve ser feito", acrescentou Teresa.
Quase 30 mil mortos!
A Covid-19 chegou de rompante, saturou e bloqueou os serviços de saúde em muitos países. Espanha é um dos mais afetados na Europa, com mais de 247 mil infeções registadas, incluindo 28 mil mortes no quadro da pandemia e 196 contágios nas 24 horas anteriores à última atualização de vítimas, esta quarta-feira, às 14 horas, e 150 hospitalizações nos últimos sete dias.
Uma associação de pacientes espanhola adverte que dois em cada três doentes crónicos viram os seus casos piorar durante a pandemia e estima um agravamento das listas de espera de 115 dias para mais de 160.Médico de família em Espanha, José Antonio Quevedo explicou à Euronews haver neste momento no país "uma prioridade: evitar a transmissão do vírus".
"Para isso, temos de respeitar os fóruns e a distância, e isto condiciona tudo", disse-nos José Antonio Quevedo, para quem a solução para os pacientes crónicos poderem recuperar a assistência de que necessitam passa por reforçar os recursos hospitalares.
O correspondente da Euronews em Madrid, Carlos Marlasca, reforça o argumento sublinhando que "todas as recomendações dos especialistas, desde a redução das listas de espera até ao melhor uso da tecnologia, exigem esse maior investimento público", mas sublinha que esta necessidade esbarra "num contexto de crise económica".