"Flic": Jornalista infiltrado conta quotidiano da polícia francesa

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Um jornalista, infiltrado durante dois anos na polícia francesa, conta o melhor e o pior do quotidiano dos agentes. Um livro que está a gerar polémica

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O que se passa realmente no interior de uma esquadra de polícia? Como é que os agentes da polícia trabalham em França?

O jornalista Valentin Gendrot, que se infiltrou durante dois anos, propõe um mergulho no universo da polícia no seu livro "Flic"- "Bófia". Relatos de dificuldades e excessos num quotidiano de muita tensão. Um livro que está a gerar polémica em França.

"No meu livro "Flic", abordo os grandes tabus policiais que são a violência policial e o mal-estar na polícia. É representativo porque retrato um universo que é violento e ansiógeno. (...) São condições de trabalho degradadas, sem meios, sem efetivos suficientes... Por outro lado, as vítimas de violência policial também relatam os abusos de uma minoria de polícias. Portanto, sim, é representativo", afirma Valentin Gendrot.

O livro levanta também questões sobre o racismo na aplicação da lei. Denunciado durante anos por militantes de bairros pobres, a questão é hoje particularmente sensível em França. Será que alguns agentes da polícia se deixam influenciar nas suas missões por preconceitos racistas? Para Valentin Gendrot, a resposta é claramente "sim" e surge acompanhada de um exemplo:

"Um dia estávamos a fazer um controlo de trânsito, estávamos a ver passar alguns carros e decidimos verificar uns carros e não outros. A certa altura um polícia diz, ao ver passar dois homens negros, num Smart: "Vamos verificar este carro, há dois sacanas lá dentro". Obviamente, estes dois jovens negros foram controlados e deixados ir porque estavam em ordem. Só foram verificados porque eram negros (...) Se as duas pessoas tivessem sido dois jovens brancos, é altamente provável que não tivessem sido controlados", conta.

Desde a publicação de "Flic" Valentin Gendrot tem sido acusado, nomeadamente nas redes sociais, de ter encoberto as ações contadas no seu livro. É o caso do espancamento de um adolescente.

O jornalista justifica o seu comportamento pelas necessidades da sua infiltração. "Fiz uma escolha que é a de um jornalista que tem acesso aos erros e excessos policiais, que pode contar tudo de A a Z , que pode até dizer como os polícias se podem proteger para escaparem às sanções em que incorrem, porque o que foi feito naquele dia é algo muito grave".

O Ministério Público abriu uma investigação sobre os factos descritos no livro. Alguns podem ser qualificados como crimes. Por enquanto, os agentes da polícia implicados não foram identificados.

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