Confinar ou não confinar?

A cidade inglesa de Nottingham está a avançar para o alerta mais alto, conhecido como Tier 3.
Os bares que não servem comida, têm de encerrar, e as lojas não podem vender álcool depois das 21 horas.
É um exemplo das restrições localizadas, em Inglaterra, para reduzir os números de casos de Covid-19, mas até agora, não se conseguiu controlar o vírus.
Os locais não estão otimistas.
"Manter todos confinados para que os números fiquem bem...Assim que as pessoas começarem a misturar-se outra vez, os número vão voltar a subir, a menos que haja uma cura milagrosa", diz uma inglesa.
Cardife, no País de Gales, está em confinamento.
Durante a última semana, os bares, ginásios e lojas não essenciais foram encerrados.
Os habitantes locais questionam a eficácia da medida, como confirma um galês.
"Parece que Westminster está a usar o disjuntor de circuito de fogo tipo galês - seja lá como lhe chamam - é quase como se fosse uma experiência para ver se vai funcionar em todo o Reino Unido".
Ouve-se a mesma queixa em Manchester. O presidente da Câmara Municipal disse que o norte de Inglaterra estava a ser tratado como o canário na mina de carvão.
As restrições localizadas reacenderam uma velha divisão entre o norte e o sul de Inglaterra.
Em Londres as regras mais restritivas obrigam ao encerramento dos estabelecimentos às 22 horas.
O jornalista da euronews, Tadhg Enright, relata:
"As últimas investigações sugerem que 100.000 pessoas em Inglaterra ficam infetadas com Covid-19, diariamente. Tendo ido a um pub no fim de semana, ficou claro que as regras não estavam a ser cumpridas. Famílias diferentes continuavam a misturar-se no interior".
Os conselheiros científicos do Governo avisaram, há mais de um mês, que era necessário um novo confinamento a nível nacional.
A retórica do primeiro-ministro Boris Johnson sugere que ele se opõe veementemente a essa ideia.
Em França e na Alemanha renovam-se confinamentos... Os britânicos olham para o continente e interrogam-se se terão, também, de seguir o mesmo rumo.
O médico Hilary Jones acredita que "se apenas se instiga meias medidas, não se controla de todo o vírus".
Questionado se o Reino Unido voltará ao confinamento, Jones responde que receia que sim "porque não se está a controlar o número de casos de forma adequada e suficientemente rápida. Ainda estão a aumentar".
O Governo diz ser muito cedo para medir o impacto das restrições localizadas.
Muitos receiam que, se for necessária uma mudança de política, esta venha demasiado tarde para salvar muitas vidas.