Portugal entra em estado de emergência com recolher obrigatório e punições para crimes de desobediência. Grécia sofre recorde trágico e na Suíça levantam-se suspeitas contra o Governo
Portugal cumpre esta segunda-feira o primeiro dia de estado de emergência e os cidadãos que não cumpram as regras impostas, nomeadamente os períodos de recolher obrigatório, incorrem em crime de desobediência.
As punições para quem não respeitar as regras do decreto presidencial e for apanhado pelas forças de segurança podem ir de um a dois anos de prisão ou de 120 a 240 dias de multa, sendo o valor do dia de multa definido pelo tribunal.
Entre as exceções para circular durante os períodos de recolher obrigatório (23h - 05h nos dias de semana e 13h - 05 nos fins de semana) estão as deslocações para o trabalho e para ir ao supermercado, mas quem vai trabalhar, para a escola, às compras, se se recusar a medir a temperatura ou se revelar febre, pode ser impedido de aceder a esses espaços.
De acordo com o decreto publicado este domingo à noite em Diário da República, "as medições podem ser realizadas por trabalhador ao serviço da entidade responsável pelo local ou estabelecimento, não sendo admissível qualquer contacto físico com a pessoa visada, sempre através de equipamento adequado a este efeito, que não pode conter qualquer memória ou realizar registos das medições efetuadas".
No sábado, na apresentação das medidas deste novo estado de emergência, o primeiro-ministro António Costa lembrou a gravidade da situação durante a primeira vaga de Covid-19 no país, mas sublinhou que agora é pior e tem vindo a agravar-se.
Este domingo, Portugal sofreu mais 48 mortes e registou 5.784 novas infeções, elevando os totais para quase 180 mil casos desde a entrada do novo coronavírus no país, incluindo quase 2.900 óbitos.
Os números mais preocupantes nesta altura revelam-se nos hospitais, onde há pelo menos 2.522 camas ocupadas (mais 102 do que no sábado), incluindo 378 (+12) nas unidades de cuidados intensivos (UCI).
Incluídos nas medidas do estado de emergência está o reforço de "recursos humanos para apoiar os profissionais de saúde pública e de cuidados de saúde primários nas ações de rastreio e de acompanhamento e vigilância de pessoas em confinamento obrigatório".
Grécia sofre recorde diário de óbitos
Este domingo ficou marcado na Grécia por um trágico recorde diário: morreram 35 pessoas infetadas pelo novo coronavírus, num dia com mais 1.914 novos casos registados.
Nos hospitais gregos, avança o jornal Ekathimerini, há cerca de 260 "doentes Covid" nos cuidados intensivos, com uma idade média de 66 anos e diversas patologias. Pelo menos 228 estão mesmo intubados.
A Grécia, que não foi tão afetada na primeira vaga como outros países europeus do Mediterrâneo, já soma 56.698 diagnósticos positivos, incluindo 784 que culminaram em morte.
Suspeitas contra o Governo suíço
Na Suíça estão a aumentar as críticas ao governo e até suspeitas de estar em curso uma estratégia oculta de infeção coletiva, noticia esta segunda-feira o jornal 20 Minuten.
Apesar dos altos números de novas infeções, que chegaram a ultrapassar na semana passada os 10 mil diagnósticos positivos diários, o Conselho Federal continua sem adotar medidas desde o final de outubro.
O ativista informático e lusodescendente Hernâni Marques falou ao 20 Minuten sobre as suspeitas e considerou "absolutamente escandaloso se o Conselho Federal estiver a confiar secretamente na contaminação da população".
O jornal Blick alerta para a saturação das camas de hospital já no final desta semana, a manter-se o ritmo de infeções diárias no país.
O governo helvético mobilizou, entretanto, as forças armadas para reforçar os primeiros cuidados hospitalares e as equipas de testagem, mas os críticos alegam que a solução não está em aumentar os recursos, mas em reduzir a propagação do vírus no país.
Apesar do agravamento da epidemia nestas últimas semanas, outubro terá sido inclusive o pior mês no quadro da pandemia e o número de infetados acaba de ultrapassar os 50 milhões, por toda a Europa continuam os protestos contra as restrições impostas por diversos governos e há quem continue a considerar a epidemia uma farsa.