O processo deverá ser retomado esta terça-feira com a escolha do júri e uma eventual decisão do juiz sobre um recurso de revisão das acusações sobre o ex-polícia Derek Chauvin
Com protestos nas ruas de Minneapolis, começou esta segunda-feira nos Estados Unidos, e logo com um primeiro adiamento, o julgamento pela morte do cidadão norte-americano George Floyd, em maio do ano passado, sufocado após quase nove minutos sob o joelho de um agente da polícia.
Derek Chauvin, entretanto demitido das forças da ordem, chegou a sentar-se esta segunda-feira no banco dos réus, vestindo um fato azul (foto em cima), na primeira vez que foi visto em público desde setembro, para responder a acusações de homicídio em segundo grau, isto é, morte não intencional ou por negligência.
Na sexta-feira, na sequência de um recurso dos procuradores, o juiz Pete Cahill, do condado de Hennepin, foi ordenado por um tribunal de Relação a rever as acusações contra o réu e eventualmente incluir uma acusação de terceiro grau, que inclui homicídio não intencional causado por ação imprudente iminentemente perigosa, a qual já havia sido rejeitada em outubro.
A revisão das acusações terá motivado um adiamento de pelo menos 24 horas do processo de escolha do júri, que deverá conter 16 elementos, incluindo 4 suplentes.
Alguns manifestantes já esperavam este adiamento. "Tínhamos a sensação de que podia ser adiado", começou por dizer Cortez Rice, um residente em Minneapolis presente nas manifestações, citado pela France Press, prosseguindo: "Esperávamos e rezámos para que prosseguissem e acelerassem o processo. Descobrimos que estavam a tentar pressionar com a acusação de terceiro grau, mas essa é a mais leve. Nós queremos a máxima."
Também residente na cidade e presente nos protestos, Nikky (apelido não disponível) é perentória: "Definitivamente, ele tem de ser condenado por homicídio. Se conseguirem o de segundo ou primeiro grau... quanto mais tempo passar na prisão, melhor."
A morte de George Floyd aconteceu a 25 de maio do ano passado, após ter sufocado durante cerca de nove minutos sob o joelho do então agente da polícia Derek Chauvin.
O caso acentuou a revolta das comunidades afro-americanas e latinas contra o alegado racismo das forças da ordem norte-americanas e reforçou os argumentos do movimento "as vidas negras importam".
Em Minneapolis, pede-se justiça por George Floyd, que tinha 46 anos.
Derek Chauvin, de 44, arrisca, para já, uma pena máxima de 40 anos na prisão. Até 25, se for condenado por homicídio de terceiro grau.
Em agosto, sentam-se no banco dos réus outros três ex-agentes da polícia de Minneapolis, acusados de cumplicidade na morte de George Floyd.