Problema de vários séculos tem vindo a crescer nos últimos anos
A Áustria está na linha da frente no combate ao antissemitismo e nova estratégia para fazer face ao problema triplica o orçamento para proteção a instituições judaicas. As lições da história começam a ser esquecidas e o fenómeno tem vindo a crescer na Europa.
O caso de Victoria Borochov, narrado pela própria, infelizmente não é isolado:
"Tinha dez anos, estava na escola e um rapaz aproximou-se de mim nas escadas. Quase me empurrou escadas abaixo, deu-me um encontrão e disse: judia, vou-te matar a ti e à tua família. É só a minha religião, nasci com ela. Nunca pensei que fosse uma coisa má até este incidente. Depois disto, durante muitos anos nunca me atrevi a dizer que era judia, tinha medo de ser atacada novamente."
A Áustria até é um país tolerante. Uma sondagem de 2019 da Agência Europeia dos Direitos Fundamentais revelou que a maioria dos austríacos não teria problemas em ter um vizinho judaico e que os casos mais problemáticos se situam na Europa de leste.
Ainda assim, o número de crimes contra judeus duplicou no país nos últimos anos e foram visíveis várias manifestações antissemitas durante os protestos contra o confinamento.
Wolfgang Sobotka, presidente da câmara baixa do parlamento austríaco, associa o fenómeno ao crescimento das teorias da conspiração e denuncia os seus defensores:
"Descrevem Israel como um estado que torna os seus próprios cidadãos reféns e os entrega às grandes empresas. Dizem que os judeus são tão gananciosos que vendem os próprios irmãos de religião por dinheiro."
Os preconceitos são antigos e são visíveis no Museu Judaico de Viena, onde é possível visitar uma exposição sobre a primeira comunidade de judeus da cidade e o seu fim abrupto há precisamente 600 anos.
Danielle Spera, diretora do museu, explica o que aconteceu em 1421:
"O governante da altura, Alberto V, da Baviera, destruiu por completo a comunidade judaica. Colocou judeus em barcos à deriva no Danúbio, sem remos, e queimou os duzentos judeus mais ricos em praça pública. A comunidade foi destruída e a sinagoga que se encontrava nesta praça também foi destruída."
Com o passar do tempo, as pessoas que testemunharam o Holocausto vão desaparecendo. Desaparece com elas uma importante arma contra o antissemitismo, que tem corroído a Europa ao longo de séculos. O desafio agora passa por combater o problema através da educação.