Os desafios de ser professor em Cabo Delgado

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De  Nara Madeira com LUSA
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São muitos os professores que estão refugiados em Pemba e onde dão aulas a alunos também fugidos da guerra, mas os desafios são enormes.

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No dia em que decidiu que queria ser professor Mondelane João nunca pensou, seguramente, que um dia viveria um drama como aquele que enfrenta hoje. Sabia, seguramente, que as condições não seriam as ideais mas não lhe terá passado pela cabeça que seria obrigado a fugir ao terrorismo com a família. A deixar a sua cidade natal no distrito de Muidumbe, em Cabo Delgado, faz já mais de cinco meses. Continua a dar aulas os desafios são enormes:

"Nós estamos a enfrentar muitas dificuldades. Primeiro a falta de alimentação e as doenças porque aqui, não sei se é por causa do ambiente, mas a maioria da população está a sofrer de cólera, diarreia e vómitos. A minha família também, a minha mãe sofreu a mesma doença, até agora não está bem de saúde", explica

Família que só reencontrou muito depois de ter fugido de casa no dia em que grupos armados entraram na região. As crianças que ensina são também elas refugiadas. Vêm de áreas diferentes da província de Cabo Delgado o que faz com que falem dialetos variados:

"Os alunos que entram na minha sala são aqueles que fugiram das aldeias ao ver que o grupo terrorista já estava a vir, a entrar nessa aldeia. Então, alguns desses alunos é que estão nesta escola. As crianças falam línguas diferentes, há alguns que falam Kimwani (quimuane), outros que falam em Anguaxe, há alguns que falam shimakonde. Os professores, como aprenderam várias línguas, tentam ultrapassar essas dificuldades, pelo menos consegue-se alguma coisa".

Conseguem, pelo menos, ocupar estas crianças, dar-lhes uma educação ainda que as condições para fazê-lo, mais uma vez, não sejam as adequadas. Aqui faltam salas de aula, material, há demasiados alunos e professores para o espaço existente o que cria constrangimentos em tempos de pandemia, como explica este professor. 

Mas esse será, por agora, o menor dos problemas. O Programa Alimentar Mundial dizia à euronews que a pandemia está, mais ou menos, gerida o problema é a fome que muitas destas populações vão passar se não forem ajudadas.

Editor de vídeo • Nara Madeira

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