Putin promete agir contra quem confundir as intenções russas

Foi durante mais de uma hora que o presidente russo fez o seu discurso anual à Nação. Uma comunicação centrada, avisou Vladimir Putin logo no início, em questões internas, como a luta contra a pandemia, mas aproveitando, já no final, para aflorar problemáticas externas.
O chefe de Estado russo nega todas as acusações que os países, ditos ocidentais, lhe fazem e deixa um aviso:
"Devo dizer que teremos paciência suficiente, responsabilidade, profissionalismo, confiança em nós próprios e na nossa retidão e senso comum no que diz respeito à tomada de quaisquer decisões. Espero que não ninguém tenha a ideia de ultrapassar os limites, em relação à Rússia. Qual é esse limite? Cabe-nos a nós decidir em cada caso específico".
Sobre as novas sanções aplicacadas pelos EUA Putin limitou-se a dizer que a Rússia já está habituada. Aquilo que considera "atos ultrajantes" é o facto de o Ocidente não ter respondido ao que chama de tentativa de golpe de Estado e de assassinato do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko. Grande parte dos países ocidentais têm apoiado a candidata da oposição ao escrutínio presidencial, Sviatlana Tikhanovskaya, que considera ter decorrido de forma fraudulenta. Tikhanovskaya está refugiada na Lituânia.
Putin afirmou ainda não querer quebrar pontes mas acrescentou que a resposta será "assimétrica, rápida e dura" a quem confundir as "boas intenções" russas com "indiferença ou fraqueza" e pretender "queimar ou mesmo explodir essas pontes". Uma afirmação feita quando o aumento da presença militar russa na Crimeia e fronteiras da Ucrânia, que Putin considera legítima, tem levantado questões, a nível internacional, principalmente porque as violações do cessar-fogo, entre separatistas apoiados pelos russos e as forças ucranianas, se intensificaram nas últimas semanas.
Mas grande parte do seu longo discurso foi, de facto, dedicado a questões internas. Putin congratulou-se com a resposta à pandemia e sublinhou o potencial tecnológico e industrial da Rússia, enquanto apelava à vacinação, dizendo-se esperançado em alcançar a imunidade coletiva no Outono.