Explosão em Beirute roubou a filha de três anos a um casal

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Tinha três anos, chamava-se Aexandra, e foi levada pela violenta explosão que assolou o porto de Beirute, no ano passado.

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Paul e Tracy Naggear nunca pensaram que o seu apartamento, com vista para o porto de Beirute, a capital do Líbano, seria lugar de uma tragédia inimaginável. A filha do casal, Alexandra de três anos, desapareceu no ar, levada pela violenta explosão de há um ano.

As feridas ainda são muito profundas e voltar a viver nesta casa não faz, pelo menos para já, parte dos seus planos. Ainda assim, aceitaram conversar com a euronews na mesma sala onde perderam o chão... A casa lembra-lhes a filha que, carinhosamente, chamavam de Lexou. Para Tracy esta é a sua casa, _"_as memórias dela" permanecem aí, "vemo-la correr, vemo-la chorar, vemos... é a sua casa (...)", dizia Tracy cujas recordações do passado lhe permitem sorrir. 

Mas para sobreviver a este drama Paul e Tracy precisaram de mais do que o apoio dos familiares. Foi toda a energia trazida por aqueles que puseram mãos à obra na reconstrução, não só de um porto mas de todo um país, que lhes deu forças para continuar.

Tracy contou como na noite do dia quatro de agosto "os voluntários, as organizações não-governamentais começaram a trabalhar, a reparar os edifícios, a reconstruir Beirute", num cenário de destruição. E explicava que quando olha para trás e vê o "que estas organizações têm feito", não pode, "simplesmente, deixar tudo para trás e partir". Pensaram em fazê-lo "muitas vezes" mas não o fizeram "porque as pessoas estão a trabalhar arduamente para tornar" aquele "lugar num lugar melhor", aquele "país num país melhor, para dar uma nova vida ao país". Conclui dizendo que não pode "deixá-los trabalhar sozinhos" quando foi "a primeira vítima desta explosão".

O casal tem sido dos mais ativos, entre as famílias das vítimas, transformando, corajosamente, a dor em ação política enquanto lideram uma procura pela verdade e pela justiça. 

Na mira está o governo que acusam de incompetência na gestão da crise criada pela explosão. Para eles, a luta contra a classe dirigente acaba de começar. Paul Naggear explicava à euronews que para _"_obter justiça" o que era importante era saber se seriam _"_capazes de continuar a viver" naquele país e chegaram "à conclusão, muito rapidamente", de que não seriam "capazes de partir". Mas há coisas que são incompatíveis "somos nós ou eles, a elite governante, não os seus seguidores, essa é uma questão diferente", referia Paul acrescentando que não podem "viver num país onde criminosos ainda estão no poder", essa ideia "faz parte" do seu "pensamento". Precisam "de verdade, de justiça", de responsabilização pelo que aconteceu a quatro de agosto, "mas também de expulsá-los", afirma.

Enquanto alguns partidos políticos mostram estar a tentar distanciar-se da elite dominante, afirmando que também eles procuram verdade e justiça, muitas pessoas mostram-se céticas quanto às suas intenções, acreditando que só pretendem aumentar a sua popularidade para as próximas eleições Legislativas.

Carol Malouf, correspondente da euronews em Beirute dizia que a cidade continua vestida de luto e que um ano após a explosão muitas perguntas permanecem sem resposta e as feridas não cicatrizarão enquanto a verdade não for revelada e todos os culpados responsabilizados, mas este é um país, referia, onde a justiça é tão esquiva.

Outras fontes • Carol Malouf

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