A 13 de agosto de 1961 os residentes de Berlim acordaram em pleno pesadelo: um muro de betão começava a erguer-se para dividir a cidade por 28 anos
Há 60 anos, a 13 de agosto de 1961, os habitantes de Berlim acordavam em pleno pesadelo: A cidade estava a ser dividida ao meio. Um muro impedia as pessoas de deixarem o leste comunista para o oeste. A barreira manteve-se por 28 anos. 140 pessoas terão perdido a vida a tentarem ultrapassá-la.
Hartmut Richter tinha 13 anos e presumiu que a barreira de betão desapareceria em pouco tempo.
"Ninguém poderia ter imaginado que o Muro se manteria de pé durante 28 anos. Muito pelo contrário", afirma.
De um dia para o outro, Hartmut deixou de poder visitar os seus familiares e amigos na zona oeste da cidade. Era um comunista dedicado na altura, mas o muro de Berlim mudou-lhe a vida e as convicções políticas.
"Os meus parentes no ocidente não eram inimigos, mas eu pensava que eram loucos. Eles não sabiam o que eu sabia - que a vitória do Socialismo era inevitável, com Marx e Engels e assim por diante -. E essa era a minha opinião infantil, até ao dia 13 de agosto de 1961".
Cedo se desencantou. Em 1966 escapou para o ocidente, nadando através de um canal e evitando os guardas de fronteira durante quatro horas. Mais tarde, passou vários anos a ajudar outros a escaparem.
"Passei a minha vida a lutar contra o muro. Quando recebi os ficheiros que a Stasi tinha de mim, descobri que eles até me queriam matar quando eu estava no ocidente. Eventualmente, cancelaram a ordem e eu ainda estou vivo. Mas isso chocou-me".
A barreira foi derrubada há 32 anos, mas há restos do muro ainda de pé, para avivar a memória coletiva.
Lara Arendt e Emir Said são de Munique e estão a ver os restos do muro pela primeira vez.
Emir comenta: "O povo queria claramente sair, caso contrário, isto ainda estaria aqui de pé. Penso que é fixe que um pequeno pedaço ainda esteja de pé, para que não seja esquecido".
Lara Arendt tenta imaginar o muro, o arame farpado e os soldados dos anos 60, 70 e 80. "Penso que foi muito pior do que parece agora, sobretudo quando vemos apenas um parque", declara.
Jona Källgren, o repórter da Euronews na Alemanha comenta: "60 anos desde que foi construído, e quase 32 anos desde que foi derrubado, o Muro de Berlim é hoje, sobretudo, uma memória horrível de um passado distante".