"Os talibãs sabem que estão sob muita pressão"

Aa enviada especial Anelise Borges em Cabul, Afeganistão
Aa enviada especial Anelise Borges em Cabul, Afeganistão   -  Direitos de autor  Euronews
De  Francisco Marques  & Anelise Borges

Enviada especial da Euronews acompanha em Cabul a mudança política no Afeganistão

A capital do Afeganistão vive momentos de tensão e expetativa enquanto se aguarda o anúncio de formação de um novo governo para o país, liderado pelos talibãs, o movimento islâmico que tomou o poder pelas armas após o início da retirada das forças militares estrangeiras.

A enviada especial da Euronews, Anelise Borges, está em Cabul para testemunhar na primeira pessoa como se está a viver na capital afegã este momento de viragem na política e religiosa do país.

Os tiros são uma constante durante a noite, como se pode ver e ouvir no vídeo no topo desta página.

Anelise Borges conta-nos pelo Twitter que o motivo dos tiros pode ser a celebração da chegada a Cabul do líder dos talibãs, o mulá Haibatullah Akhudzada.

Outros rumores escutados pela jornalista da Euronews apontam para a celebração da alegada tomada de Panjshir, embora alguns digam ser por já ter sido escolhido um novo governo, o que ainda não se confirmou.

"Um porta-voz dos talibãs pediu entretanto aos soldados [pelo Twitter] para pararem com os disparos para o ar depois de Cabul ter sido assolada por tiros contínuos durante pelo menos 15 minutos. Não sei ao certo quantos desses atiradores estavam no Twitter, mas as armas silenciaram-se. Por enquanto", escreveu Anelise Borges j esta noite, pela mesma rede social, com a mensagem do porta-vos talibã em anexo.

Em declarações difundidas pela Euronews, a nossa enviada especial começou por nos conta que "os talibãs sabem que estão sob muita pressão" porque "a comunidade internacional tem acompanhado de muito perto os seus movimentos e os desenvolvimentos fora do Afeganistão".

"O mundo espera algum tipo de plano para o país e quer saber o caminho que será traçado pelos talibãs. Qualquer tipo de movimento agora irá definir se certos países vão reconhecer ou não o governo talibã e se darão apoio. Um apoio que será crucial para o país e para o futuro do povo afegão", defende Anelise Borges, que tem vindo a falar nestes últimos dias com elementos dos talibãs e outros habitantes da capital afegã.

Entretanto, há relatos contraditórios oriundos de Panjshir, a região a nordeste de Cabul que ainda resiste aos talibãs.

Algumas fontes do movimento agora no poder garantem já ter conquistado a região, mas em entrevista exclusiva à Euronews, Amrullah Saleh, um antigo vice-presidente afegão, agora autoproclamado presidente do país e um dos líderes da resistência, garantiu que a alegada tomada de Panjshir é pura "propaganda" dos talibãs.

Amrullah Saleh admite que "a situação é difícil" na região, contou-nos estar "sob ataque dos talibãs, da Al-Qaida e de terroristas pagos pelo Paquistão".

"Há baixas de ambos os lados, mas a resistência continua", assegurou em exclusivo à Euronews o antigo vice presidente afegão, esta sexta-feira, desde Panjshir.

Ao mesmo tempo, em Cabul, continua a expetativa do prometido anúncio de formação de um novo governo pelo auto proclamado Emirado Islâmico, como se designam os talibãs.

Esta sexta-feira surgiram rumores de que o movimento já tinha escolhido para novo presidente do Afeganistão o mulá Abdul Ghani Baradar, cofundador dos talibãs, tendo como alegado líder supremo o atual chefe do grupo islâmico, o mulá Hibatullah Akhudzada. Falta a confirmação.

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