Guerrilheiros armados do movimento islâmico filmados em Bamiã, a cidade onde há 20 anos o grupo destruiu duas estátuas gigantes de budas
Os talibãs, de novo no poder no Afeganistão, estão de regresso ao local do crime cultural cometido em 2001, ano em que passaram meses a destruir duas estátuas património da Unesco.
Imagens datadas deste sábado pela France Press mostram guerrilheiros talibãs em Bamiã, cidade situada 240 quilómetros a noroeste de Cabul, onde resistiu à passagem do tempo uma das maiores heranças culturais do ancestral reino da Báctria, a arte budista.
Resistiu à passagem dos tempos, mas não ao regime talibã. Há 20 anos, o movimento islâmico extremista, que rejeita quaisquer representações de ídolos, passou meses a desfigurar e destruir duas estátuas de budas incrustadas na montanha há mais de 1500 anos, apesar dos protestos internacionais na altura.
Em março deste ano, um espetáculo de luzes a três dimensões devolveu, numa ilusão, a imagem das faces aos budas de Bamiã.
A reconstrução das estátuas budistas estava prevista, mas o projeto deve ter sido entretanto escondido no fundo de uma gaveta devido à tomada do poder pelos talibãs, em meados de agosto.
Com o movimento de novo a ditar as regras no país e com os guerrilheiros armados de volta a Bamiã, volta a haver receio pelo que resta da herança cultural milenar do Afeganistão e descrença na recuperação do que já foi destruído.