Paulina Chiziane vence Prémio Camões 2021

Access to the comments Comentários
De  euronews
"Um reconhecimento para alguém que veio de lugar nenhum, sem dúvida, é um motivo de inspiração para uma outra geração"
"Um reconhecimento para alguém que veio de lugar nenhum, sem dúvida, é um motivo de inspiração para uma outra geração"   -  Direitos de autor  euronews

Paulina Chiziane é a vencedora do Prémio Camões 2021.

A escolha da escritora moçambicana foi feita por unanimidade, como confidenciou a ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca.

Para Paulina Chiziane, este é um galardão que partilha com todos os moçambicanos.

Tudo o que eu tentei escrever, nos diferentes livros, parte da nossa memória coletiva. Eu nunca falei, nos livros, na minha voz pessoal. Mesmo nos livros em que escrevo na primeira pessoa eu estou a trazer a voz coletiva. Portanto, é todo um povo que é agraciado por este grande prémio.
Paulina Chiziane
Prémio Camões 2021

Com 66 anos, Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, um bairro humilde nos arredores da atual Maputo, na época Lourenço Marques.

A escritora sente muito orgulho por ter visto a sua obra reconhecida pelo maior galardão literário em Língua Portuguesa.

Eu venho de lugar nenhum. Eu sou aquela pessoa que aprendeu a ler e a escrever, foi escola... Teve essa sorte, mas também teve a sorte de caminhar pelo país e descobrir as maravilhas que este país tem. Então, eu não sou, propriamente, aquela pessoa que se pode dizer 'Ela veio de um estrato social X, assim nobre'. Não, eu vim do chão! Portanto, um reconhecimento para alguém que veio de lugar nenhum, sem dúvida, é um motivo de inspiração para uma outra geração.
Paulina Chiziane
Prémio Camões 2021

Em 1990, Paulina Chiziane publica o livro "Balada de Amor ao Vento", tornando-se na primeira mulher a publicar um romance no país.

Depois disso conta com mais 10 romances, sendo o último, "O canto dos Escravizados" publicado em 2017.

O júri do Prémio Camões 2021 foi constituído pelos professores universitários Ana Martinho e Carlos Mendes Sousa (Portugal), pelo escritor e investigador Jorge Alves de Lima e Pelo professor universitário Raul César (Brasil), e pelos escritores Tony Tcheka (Guiné-Bissau) e Teresa Manjate (Moçambique).

Esta é a terceira vez, em 33 anos, que o galardão é atribuído a um escritor moçambicano, depois de José Craveirinha, em 1991, e Mia Couto, em 2013.