União Europeia apoia Hamdok e ameaça general Al-Burhan

A União Europeia ameaça suspender o apoio financeiro ao Sudão se não terminar de imediato o golpe militar em curso neste país do leste de África. O apoio europeu à transição para uma democracia começou em 2016 e já ascende aos €500 milhões.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, diz ser "inaceitável" esta alegada "tentativa de minar a transição do Sudão para uma democracia".
"Se a situação não for revertida de imediato, haverá graves consequências no envolvimento da União Europeia, incluindo no apoio financeiro", ameaçou Borrell, em nome dos "27".
A posição europeia sucedeu-se a um apelo do gabinete do primeiro-ministro sudanês para a libertação de Abdalla Hamdok, detido pelos militares na segunda-feira.
A ameaça da UE e os apelos surgiram após o líder militar do golpe em curso ter revelado onde estava a manter detido o primeiro-ministro Abdalla Hamdok.
"O primeiro-ministro esteve retido na respetiva residência, mas tínhamos receio de que lhe fizessem mal, por isso agora está comigo, na minha casa. Estivemos juntos ontem à noite e ele está a seguir normalmente a sua vida e vai regressar a casa assim que esta crise e todas as ameaças acabem, mas por enquanto vai continuar comigo, na minha casa", afirmou o general Abdel Fattah al-Burhan.
Algumas horas depois a France Press avançou que Abdalla Hamdok tinha sido levado de volta para casa, em Cartum, esta terça-feira à noite, citando um oficial militar sob condição de anonimato, que teria recusado confirmar se o primeiro-ministro do executivo de transição estava em prisão domiciliária.
Cronologia do golpe
O golpe militar aconteceu segunda-feira. O general Al-Burhan, que liderava o Conselho de Soberania Sudanês, tomou o poder do país, dissolvendo o executivo de composição mista que tinha sido mandatado para governar durante a fase de transição do antigo regime ditatorial de Omar al-Bashir para um novo sistema político democrático.
Os militares detiveram o primeiro-ministro e outros governantes. Milhares de pessoas saíram de imediato para as ruas em defesa do processo democrático no Sudão.
Os militares reagiram a tiro e com gás lacrimogéneo. Pelo menos sete pessoas morreram e 140 ficaram feridas.
A situação tem vindo a agravar-se, em especial na capital sudanesa, e motivou esta terça-feira uma reunião de emergência à porta fechada do Conselho de Segurança das Nações unidas.