Rússia classifica como hipócrita a condenação internacional pelo abate de um satélite que pôs a Estação Espacial Internacional em alerta
Rússia rejeita qualquer acusação de imprudência com a destruição de um satélite no espaço. Há mais mil e quinhentas peças de lixo na órbita da Terra. Os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional foram obrigados a entrar em modo de alerta, mas Moscovo descarta a ideia de que representam perigo.
"Declarar que a Federação Russa cria riscos para a utilização pacífica do espaço é, no mínimo, uma hipocrisia. Não há factos," afirmou o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.
Moscovo confirmou na terça-feira a realização de um teste e a destruição de um satélite desativado que estava em órbita desde 1982, mas insiste que "os fragmentos resultantes, em termos de tempo de teste e parâmetros orbitais, não representaram nem representarão uma ameaça para as estações orbitais, naves espaciais e actividades espaciais".
Risco agravado "por muitos anos"
Responsáveis norte-americanos fizeram as contas. Dizem que os astronautas enfrentam agora "quatro vezes mais riscos" e que a ameaça para a Estação Espacial Internacional e para todos os satélites posicionados no espaço vai sentir-se "por muitos anos"
O porta-voz da Casa Branca considerou que a acção da Rússia demonstrou um "total desrespeito pela segurança, estabilidade e sustentabilidade a longo prazo do domínio espacial para todas as nações". De acordo com Andrew Bates, "estes destroços vão continuar a ameaçar directamente as actividades no espaço exterior durante os próximos anos e colocam em risco os satélites de que todas as nações dependem para a segurança nacional, prosperidade económica e descoberta científica". Anunciou ainda que os Estados Unidos vão trabalhar com os seus aliados "enquanto procuramos responder a este acto irresponsável".
Nova corrida ao armamento no espaço
A NATO sublinha uma outra preocupação. A manobra é também uma demonstração de poder e abre caminho a uma corrida aos armamentos no espaço.
"É preocupante porque os destroços representam de facto um risco para a actividade civil no espaço, mas é também preocupante porque demonstra que a Rússia está a desenvolver novos sistemas de armas que podem abater satélites; podem destruir capacidades espaciais importantes para infra-estruturas básicas na Terra," afirmou em Bruxelas Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO.
Em 2007, a China efetuou um teste semelhante ao realizado agora pela Rússia e os destroços ainda representam um risco para a Estação Espacial Internacional. Estados Unidos e Índia também já usaram mísseis no Espaço, mas a uma altitude mais baixa.