Reportagem com uma de milhares de crianças obrigadas a trabalhar por culpa da guerra.
Numa zona industrial em Idlib, Ibrahim está ocupado a aparafusar um motor pesado. Das 8 às 19 horas, todos os dias, as costas deste jovem de 13 anos estão dobradas e as mãos manchadas de óleo, enquanto tenta seguir as instruções do patrão.
"Desatarraxo o motor, desatarraxo a transmissão automática e a junta da cabeça do cilindro. Faço tudo o que o meu chefe me manda fazer. Por vezes, quando os parafusos são difíceis, chamo o patrão para me ajudar. Gostaria de continuar a trabalhar como mecânico no futuro e ter o meu próprio negócio. Não terminei os estudos porque não deram atenção às escolas", conta o adolescente.
Três em cada cinco crianças do noroeste da Síria estão sem educação, com apenas um terço das escolas a funcionar em pleno. O setor da educação tem muitos desafios a ultrapassar. Os salários continuam a ser o problema mais urgente, com os professores privados do ordenado durante vários meses, devido à falta de financiamento.
A deslocação em massa das populações, devido aos bombardeamentos da Rússia e do regime de Assad empurrou 90% dos sírios para a pobreza. Muitas crianças não tiveram outra escolha a não ser trabalhar para sustentar a família.
"Os bombardeamentos forçaram-nos a abandonar as nossas casas, à chuva, e tivemos de ir viver para o campo. Por vezes guardo 10 ou 20 liras turcas e dou o resto ao meu pai. Recebo 100 liras (7 euros) por semana", diz Ibrahim.
Para muitas famílias da região, o trabalho infantil é um meio de sobrevivência. A UNICEF estima que as necessidades humanitárias na Síria aumentaram 27% desde 2020. As crianças fazem todos os tipos de trabalho, incluindo várias tarefas difíceis, algumas que são consideradas perigosas. A guerra é uma tragédia que rouba não só o presente das crianças, mas também o futuro.