É mais uma semana para a História da Ucrânia. Exatamente oito anos após a revolução "Euromaidan" em Kiev, na apelidada Praça da Indepedência, e poucos dias após Vladimir Putin ter decidido reconhecer como independentes duas regiões separatistas no território da Ucrânia, o líder russo prestou tributo ao soldado desconhecido no Dia do Defensor da Pátria, na Rússia, e emitiu uma nova declaração.
Num momento em que a União Europeia e os membros da NATO preparam sanções para penalizar a violação russa da soberania ucraniana, Putin mostrou abertura para "soluções diplomáticas", mas não para recuar nas decisões tomadas sobre as regiões de Donetsk e Luhansk.
"O nosso país está sempre aberto para um diálogo aberto e honesto, e pronto para procurar soluções diplomáticas para os problemas mais complicados. Mas, quero repetir, os interesses da Rússia e a segurança do nosso povo são uma prioridade sem discussão", afirmou o líder da Rússia
Entretanto, os receios internacionais da iminência de uma ofensiva russa aumentam. O porta-voz do governo francês, Jean-Yves Le Drian, acusa Putin de, na segunda-feira, ter "negado a Ucrânia como país soberano" ao reconhecer as regiões separatistas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Hayashi Yoshimasa, disse que o G7 vai coordenar uma resposta à Rússia e chefe da diplomacia britânica, Liz Truss, acusou o presidente russo de só ter olhos para a invasão da Ucrânia e fez novo aviso de possível agravamento da opressão sobre a economia russa.
Ao mesmo tempo, imagens de satélite recolhidas pelo sistema "Maxar" parecem mostrar tropas russas em trânsito para junto da fronteira com a Ucrânia e para a Bielorrússia, a norte de Kiev.
Perante estas ações e sobretudo depois do discurso degradante de Putin para os ucranianos na segunda-feira, o primeiro-ministro Denys Symyhal diz ser impossível aceitar as exigências russas de abdicar da Crimeia, retirar os militares do leste e rejeitar a NATO.
"Aceitar as condições pedidas pelo presidente da Rússia à Ucrânia contradiz a escolha da sociedade ucraniana. É impossível para uma Ucrânia independente e soberana,e mesmo para mim, como primeiro-ministro", sublinhou o chefe do Governo ucraniano, durante uma entrevista televisiva.
No leste da Ucrânia, os bombardeamentos prosseguem e na terça-feira terão atingido e incendiado uma central elétrica em Shchastya, na zona controlada pelo governo na região de Luhansk. Cerca de 40 mil pessoas ficaram sem luz.
O país começa a tomar as medidas que entende necessárias para responder a uma eventual invasão russa. O governo de Kiev decretou a incorporação nas forças armadas dos reservistas com idades entre os 18 e os 60 anos e prepara-se para declarar o Estado de Emergência.