Há pessoas a vender um rim para pagar dívidas no Afeganistão

Afegãos vendem rim para salvar as famílias
Afegãos vendem rim para salvar as famílias Direitos de autor KHALID TANVEER/AP
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Nos arredores de Herat, a aldeia de Sayshanba Bazaar é conhecida como a "aldeia de um só rim"

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Há cidadãos a vender um rim para salvar as famílias das dívidas e da fome. Nos arredores de Herat, no Afeganistão, a aldeia de Sayshanba Bazaaré conhecida como a "aldeia de um só rim".

Noorunddin, de 32 anos, é um dos rostos desta realidade. Vendeu um rim por cerca de 1.300 euros.

Eu não estava feliz e estava tenso nesse dia. Fui ao médico para cortar uma parte do meu corpo, não queria ir, mas não tinha outra opção. Fi-lo pelos meus filhos
Nooruddin
Residente de Herat

É ilegal vender ou comprar órgãos na maioria dos países desenvolvidos, onde os dadores são normalmente familiares ou pessoas que agem por altruísmo, sem receber nada em troca. No Afeganistão, a prática não está regulamentada.

Centenas de afegãos com graves dificuldades financeiras são normalmente procurados por pacientes ricos, que viajam para Herat vindos de todo o país e por vezes até da Índia e Paquistão. O beneficiário do rim paga tanto as taxas hospitalares como ao vendedor.

Mohamad Bassir Osmani, cirurgião de um dos dois hospitais onde a maioria dos transplantes de Herat são realizados, diz que o "consentimento" é a chave, e que centenas de cirurgias foram realizadas em Herat ao longo dos últimos cinco anos.

Os talibãs não responderam aos pedidos da Agence France-Presse (AFP) para comentarem sobre a prática, mas Osmani disse que os novos governantes do país têm planos para reprimir o comércio e estão a formar uma comissão para o regular.

A pobreza no país não é de hoje, mas agravou-se desde que os talibãs assumiram o poder, há 6 meses.

Nos países desenvolvidos, os doadores e os recetores conseguem ter uma vida normal, sendo que o pós-operatório é acompanhado por profissionais. Este luxo não está disponível para os afegãos, que vendem um rim e ainda ficam presos na pobreza e, por vezes, na falta de saúde.

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