Zaporizhzhia recebe 100 civis de Mariupol

Chegaram cansados, de todas as idades, com histórias caladas por lágrimas. No total, 100 civis vindos de Mariupol, no sul da Ucrânia, foram recebidos, esta terça-feira, em Zaporizhzhia.
Após dois meses sob cerco e bombardeamentos pelas tropas russas, a ONU e a Cruz Vermelha conseguiram criar corredores humanitários para retirar algumas das pessoas ainda retidas na cidade.
" Eles começaram a bombardear-nos de um lado e do outro, e nós no meio. E foi assim, todos os dias, dia e noite, sem parar", diz Lidia, acabada de chegar.
Ludmila lamenta o estado em que está Mariupol.
" [A cidade está] completamente queimada, totalmente destruída pelos bombardeamentos. Porquê esta guerra? Quem precisa desta guerra? Os meus vizinhos morreram, as pessoas com quem nasci e com quem cresci. Eu vivi na casa deles. Compreende a gravidade da situação? Morreram crianças. Os cadáveres estão espalhados pelas ruas e ninguém foi lá para os remover".
O primeiro grupo de civis foi retirado de Mariupol este domingo.
A assistência à chegada é vital para quem viveu entre a guerra. Funcionários municipais, organizações humanitárias e médicos têm-se coordenado para receber os primeiros deslocados.
O médico Dmitri Matveev conta que os deslocados "chegam com feridas de estilhaços, alguns estão com outras doenças, como infecções por vírus, alguns com feridas de bala, há de quase tudo".
O presidente Volodymyr Zelenskyy disse já esperar que os corredores humanitários se mantenham em funcionamento esta quarta-feira.
No entanto, já esta terça-feira, as forças russas retomaram os ataques à siderúrgica Azovstal, alegando uma violação do cessar-fogo por parte dos soldados ucranianos.