Seca extrema na Península Ibérica

As alterações climáticas estão a fazer-se sentir, fortemente, na Península Ibérica. Em Portugal, por exemplo, cerca de 49% do território continental encontrava-se, a 15 de julho, em seca extrema e 50,8 % em seca severa, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Em situação semelhante está a província da Andaluzia, no sul de Espanha, onde algumas áreas já têm condições semelhantes às das zonas desérticas do norte de África.
A falta de água está a levar ao desespero os agricultores locais, como o olivicultor Felipe Elvira: "Na produção deste ano, vou perder 80%. Uma árvore deste tamanho precisa de pelo menos quatro a cinco litros de água por dia para ser boa e agora não tem isso".
Por enquanto, a olivicultura tem sobrevivido recorrendo à irrigação, no entanto, além de acarretar mais custos para os agricultores é uma solução que tem os dias contados pois as reservas hidrológicas andaluzas estão em agonia.
A professora de hidrologia na Universidade de Jaén, Rosario Jiménez, afirma que "Já estamos abaixo dos 30% em muitos deles, isso é uma média, mas há outros que estão praticamente secos, que já não têm qualquer água e que já desceram para níveis inferiores a 10%".
De acordo com um estudo, publicado no início de julho, na revista científica "Nature Geoscience", o anticiclone dos Açores está reforçar-se no século XXI, devido às mudanças climáticas. O resultado é a redução das chuvas, principalmente desde a segunda metade do século XX. A precipitação deve cair entre 10 a 20% até o fim deste século, tornando a agricultura na Península Ibérica "uma das mais vulneráveis da Europa".