A jornalista russa Marina Ovsyannikova foi detida

A justiça russa lançou uma investigação criminal contra Marina Ovsyannikova e deteve a jornalista, em casa.
O advogado Dmitry Zakhvatov conta a intervenção da polícia na madrugada desta quarta-feira
"Hoje às 6 da manhã, a sua assistente e amiga Kristina telefonou-me e disse que os agentes da lei estavam a bater à porta, tentando arrombar a porta. Elas perguntaram-me o que deviam fazer. Dei-lhes instruções para perguntarem o motivo. Pedi-lhes que esperassem por mim, mas eles recusaram-se a esperar e disseram que elas tinham 10 minutos para abrir a porta". De acordo com informações preliminares, ela está incriminada com base no artigo 207.3 do código penal. Este é o infame artigo no qual se baseiam os casos contra os conhecidos Vladimir Kara-Murza, Ilya Yashin, e Sasha Skochilenko".
O artigo 207.3 condena a divulgação de informações falsas sobre as forças armadas russas, acusação pela qual Ovsyannikova já tinha sido multada várias vezes.
A pena prevista para este crime pode ir até aos 15 anos de prisão.
A jornalista publicou no Twitter, no momento em que a polícia se encontrava em sua casa para a deter, a seguinte mensagem:
"Às 6h00, 10 agentes do Comité de Investigação e a polícia invadiram a minha casa. Foi apresentado um mandado de busca. Filha assustada. Agora estou sendo levada para o SC. O motivo do processo criminal supostamente é sobre falsificações. Mais de 350 crianças que morreram na Ucrânia, são falsificações?"
Após ter protestado contra a guerra na Ucrânia, durante o telejornal, Marina Ovsyannikova deixou a Rússia durante três meses, tendo regressado ao país, em julho, para, segundo disse, lutar pela custódia dos filhos.
Depois de deixar o seu emprego na televisão pública russa, Ovsyannikova tornou-se um pouco ativista, encenando piquetes e falando publicamente sobre o que o Kremlin e a chamada operação militar especial na Ucrânia.
De acordo com a Net Freedoms, um grupo de assistência jurídica centrado em casos de liberdade de expressão, só esta quarta-feira houve 79 casos criminais baseados na acusação de divulgação de informações falsas sobre os militares e até 4.000 casos administrativos, com acusações de denegrimento das forças armadas.