Futuro dos oceanos discutido em Nova Iorque

Futuro dos oceanos passa por Nova Iorque
Futuro dos oceanos passa por Nova Iorque   -  Direitos de autor  Michael Dwyer/The Associated Press
De  Bruno Sousa

ONU tenta chegar a acordo para um tratado de proteção ao alto-mar

A mensagem é clara, precisamos de um tratado de proteção ao alto-mar já. A Greenpeace deixou o recado sob a ponte de Brooklyn e os destinatários são os delegados das Nações Unidas que se juntaram em Nova Iorque para tentar chegar a um acordo que proteja os oceanos.

Após quatro rondas de negociações, e dois anos de atraso provocados pela pandemia, a ONU considera que não podemos esperar mais. Para Miguel de Serpa Soares, subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Jurídicos, "o terrível estado do oceano significa que é momento de agir agora e que melhor forma de mostrar a nossa determinação do que finalizar um acordo que assegure a conservação e o uso sustentável da diversidade biológica marinha em alto mar?"

A determinação da ONU, ilustrada pelas palavras de António Guterres na Conferência de Lisboa, ao declarar um "estado de emergência oceânico", é partilhada pela União Europeia e contrasta com a oposição de países como a Rússia, Japão ou Islândia, que pretendem deixar os direitos piscatórios fora deste acordo.

O alto-mar, além das Zonas Económicas Exclusivas de cada país, representa dois terços dos oceanos mas só 1% está protegido por lei.

John Hocevar, ativista da Greenpeace, considera que é importante chegar a acordo mas sublinha que o verdadeiro desafio começa depois:

"Assim que adotarmos um tratado de proteção ao alto mar, podemos trabalhar para a sua implementação. É essa a grande luta. Assegurar que criamos uma rede de santuários marinhos capaz de restaurar as populações ameaçadas, proteger a biodiversidade e dar aos nossos oceanos uma hipótese de sobreviver a ameaças como as alterações climáticas, a poluição plástica e a pesca."

O interesse é de todos mas serão outros interesses a ditar o futuro do tratado de proteção ao alto-mar. A quinta e decisiva ronda de negociações tem lugar em Nova Iorque até dia 26 de agosto.

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