Morreu Hilary Mantel

ARQUIVO - "Wolf Hall" é o primeiro livro da trilogia sobre Thomas Cromwell
ARQUIVO - "Wolf Hall" é o primeiro livro da trilogia sobre Thomas Cromwell Direitos de autor Alastair Grant/AP
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Escritora britânica é considerada a responsável pela revalorização do romance histórico

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Hilary Mantel, aescritora britânica que mergulhou na Inglaterra medieval e levou ao prelo a premiada trilogia de "Wolf Hall", morreu aos 70 anos. Numa nota divulgada este sábado pela editora Harper Collins, pode ler-se que Mantel morreu "subitamente, mas pacificamente" na quinta-feira, rodeada por familiares e amigos próximos.

Mantel foi a primeira escritora britânica a ganhar por duas vezes o booker prize. Primeiro por "Wolf Hall", em 2009, e três anos depois por "O Livro Negro". Ambos publicados em Portugal e adaptados internacionalmente  para o palco e para a televisão.

"O Espelho e a Luz", a última parte da trilogia sobre o exercício de poder no tempo dos Tudor e Thomas Cromwell, poderoso e sombrio político inglês do século XVI, braço direito do Rei Henrique VIII, foi publicada em 2020.

Nascida em Derbyshire, no centro de Inglaterra, em 1952, Mantel frequentou uma escola conventual, tendo depois estudado na London School of Economics e na Universidade de Sheffield. Trabalhou como assistente social num hospital geriátrico, uma experiência que aproveitou para os seus dois primeiros romances, "Every Day Is Mother's Day", publicado em 1985, e "Vacant Possession", que se seguiu no ano seguinte.

Nos anos 70 e 80 viveu no Botswana e na Arábia Saudita com o seu marido, Gerald McEwen, um geólogo.

Reconhecimento aos 57 anos

Mantel era uma romancista publicada já há 25 anos quando o seu primeiro livro sobre Cromwell a tornou numa super-estrela literária.  Apesar do reconhecimento tardio, a escritora é hoje considerada a responsável por uma nova vaga e uma maior valorização literária do romance histórico.

"Estou muito interessada na ideia de que um romance histórico deve ser escrito apontando para a frente", disse Mantel à The Associated Press em 2009. "Lembre-se que as pessoas que está a seguir não sabiam o fim da sua própria história". Por isso, avançavam dia após dia, empurradas e sacudidas pelas circunstâncias, fazendo o melhor que podiam, mas caminhando no escuro, essencialmente".

Mantel também olhou de forma crítica para a atual família real. Numa palestra, em 2013, descreveu a atual princesa de Gales Kate Middleton, mulher do príncipe William, como um "manequim de vitrina, sem personalidade própria" e atraiu a ira da imprensa tablóide britânica.

Mantel esclareceu que não estava a falar da duquesa em si, mas a descrever uma visão da Kate construída pela imprensa e pela opinião pública. No entanto, recebeu críticas até do então primeiro-ministro britânico David Cameron.

Os comentadores de direita também contestaram um conto intitulado "O Assassinato de Margaret Thatcher", que imaginava um ataque à líder conservadora. Foi publicado em 2014, no mesmo ano em que a Rainha Isabel II fez de Hilary Mantel uma dama, o equivalente feminino de um cavaleiro.

Mantel continuou a ser politicamente muito vocal. Adversária de Brexit, disse em 2021 que esperava obter a cidadania irlandesa e tornar-se "uma vez mais europeia".

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