O país dependia dos fornecimentos de gás e eletricidade da Rússia e da Ucrânia. Moscovo cortou os fornecimentos; Kiev tem as infraestruturas destruídas
A pequena república da Moldávia, situada entre a Roménia e a Ucrânia, vive uma crise energética sem precedentes.
O gás já custa seis vezes mais do que antes da guerra na Ucrânia. No espaço de apenas um mês, Moscovo reduziu para metade as exportações de gás para o país e parou completamente o fornecimento de eletricidade a partir da Transnístria.
Também a Ucrânia foi obrigada a cortar o fornecimento de eletricidade à Moldávia por causa da destruição das suas infraestruturas energéticas.
O país, que recebia cerca de 70% da sua eletricidade da Rússia e 30% da Ucrânia, vive uma situação penosa entre Leste e Ocidente, e está dividido entre os que não querem que a "chantagem energética" russa desvie o país do seu caminho em direção à UE e os que pensam que Chisinau deveria fazer concessões a Vladimir Putin a fim de obter mais gás.
O governo apela aos cidadãos para pouparem energia, enquanto algumas empresas pararam a produção ou estão a lutar para sobreviver antes do que se espera ser um inverno muito difícil.
Ion Ignat, que parou a produção na sua fábrica de tijolos e está a escoar o stock para poder manter os 50 empregados da empresa, afirma:
"Temos um pé na Rússia e outro na União Europeia, por isso estamos agora num momento decisivo. Este é o período mais difícil para o nosso país".
O futuro é mais do que incerto e para as PME a situação é ainda mais delicada. A solução, no imediato, passa por aumentar os preços no consumidor.
Sergei Litra tem uma cervejaria artesanal e viu os custos energéticos triplicar.
"Costumávamos gastar cerca de 12.000 lei, ou seja, 700 euros, por mês em eletricidade. Agora estamos a gastar mais de 2.000 euros. Portanto, o custo da eletricidade é triplo para nós e não vai ficar por aqui", diz.
Maia Sandu, a presidente moldava, disse na semana passada que "é um desafio diário encontrar energia". Esta vulnerabilidade "gera chantagem política e interferência numa democracia" dividida entre o Oriente e o Ocidente, lamentou, culpando as "tentativas de desestabilização" orquestradas pelos "serviços secretos russos" e os seus retransmissores no país e no exílio.
A Moldávia, que antes do conflito estava quase 100% dependente do gás fornecido pela gigantesca Gazprom, tem vindo a ter dificuldades de abastecimento há várias semanas. Agora, apenas metade das suas necessidades são cobertas.
Desde meados de outubro, a Roménia tem fornecido eletricidade a um preço máximo.
Bruxelas está empenhada em apoiar a Moldávia, que sonha aderir à União Europeia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, vai a Chisinau esta quinta-feira, para discutir o reforço da ajuda.