Protestos em várias cidades do mundo pelo fim da violência contra as mulheres.
Em Istambul, na Turquia, a polícia pôs fim a uma manifestação pelo fim da violência contra as mulheres e o regresso da Turquia a um tratado destinado a protegê-las, com dezenas de detenções.
O grupo desafiou a interdição de realização deste tipo de eventos por razões de segurança e ordem pública - ao tentar marchar ao longo da principal rua pedonal, Istiklal. Proibição imposta desde o atentado, de 13 de novembro, que matou seis pessoas, numa movimentada rua da cidade. A polícia bloqueou a entrada dos manifestantes, cercou o grupo e fez detenções. As autoridades proibiram protestos semelhantes, ao longo dos últimos anos, levando a confrontos entre polícia e manifestantes.
No ano passado, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, abandonou a Convenção de Istambul, do Conselho da Europa, decisão condenada por grupos de defesa dos direitos das mulheres e por países ocidentais. Uma decisão justificada por alguns representantes do partido de Erdogan pelo facto do referido documento ser incompatível com os valores conservadores da Turquia.
Falando num evento que marcou este dia, Erdogan prometia "elevar constantemente a fasquia" na prevenção da violência contra as mulheres. No início do ano, o parlamento turco ratificou um projecto de lei que aumenta as penas de prisão para crimes em que a vítima é uma mulher.
Ainda assim, os grupos de defesa dos Direitos Humanos dizem que as medidas em vigor não protegem, adequadamente, as mulheres nem responsabilizam os criminosos. Pelo menos 349 mulheres foram mortas este ano, na Turquia, de acordo com a organização não-governamental "Vamos deter o Feminicídio".
Manifestações em Espanha pelo fim da violência contra as mulheres
Em várias localidades espanholas, entre elas Barcelona e Madrid, milhares de pessoas saíram às ruas contra a violência doméstica dirigida a mulheres.
Os manifestantes denunciavam a discriminação sofrida pelas mulheres, em diferentes estratos sociais, e assinalavam que silenciar ou dizer que a violência não tem género é outra das faces do machismo.
Em Sevilha, realizou-se uma homenagem que marcou o 25º aniversário do assassinato de Ana Orantes, um dos rostos e vozes da violência de género.
Em Espanha, pelo menos 1.171 mulheres foram mortas pelos seus parceiros ou ex-parceiros desde 2003, ano dos primeiros dados oficiais. Na última década, quase 50 menores foram mortos para atingir a mãe, a chamada violência vicária.
Cidade do México na rua contra o feminicídio
A data foi também marcada na Cidade do México onde se pedia justiça para uma das muitas jovens assassinadas.
A Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas aponta quase 4.500 mulheres como tendo sido vítimas deste crime na América Latina, em 2021. São, sobretudo adolescentes e jovens entre os 15 e 29 anos. Num relatório do Observatório para a Igualdade de Género para a América Latina e Caraíbas, da CEPAL, referia-se que este número representa uma média de 12 mortes violentas de mulheres por dia na região.No documento concluia-se que "o feminicídio (...) persiste como uma realidade e não há sinais claros de que o fenómeno esteja em declínio".
No ano passado, as taxas mais elevadas de feminicídio, na América Latina, foram registadas nas Honduras, República Dominicana, El Salvador, Bolívia e Brasil.