A Fundação Otto von Habsburg assinalou o centenário da morte do último imperador austro-húngaro com conferências e uma exposição em Budapeste
O último herdeiro do trono húngaro, Otto von Habsburg, nasceu há 110 anos, e o seu pai, o último rei húngaro Carlos IV, que era também imperador da Áustria, morreu há 100 anos.
Por ocasião do duplo aniversário, a Fundação Otto von Habsburg, sediada em Budapeste, realizou uma conferência comemorativa e uma exposição no Castelo Real de Gödöllő.
A mostra, centrada no exílio de Carlos IV na Madeira e nos seus últimos meses, foi inaugurada pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, que fala da ligação dos madeirenses com o imperador.
"O povo madeirense tem uma veneração especial pelo Imperador. [...] Temos uma ligação especial com os Habsburgos. O Imperador encontra-se na Madeira, a família decidiu que ele deveria permanecer lá e ele é também o nosso Imperador. [...] E o Imperador está no coração do povo da Madeira".
O monarca morreu tragicamente aos 34 anos na ilha portuguesa. O seu túmulo tornou-se um lugar de peregrinação, muitas vezes visitado por membros da família Habsburgo.
Da mostra constam documentos, artigos de jornais e fotografias, na sua maioria inéditos na Hungria.
A Fundação Otto von Habsburgo realizou também conferências em cidades europeias como Zagreb, Florença, Viena, Munique, Bruxelas e Paris.
O diretor da fundação, Gergely Prőhle, explica porque é importante recordar o legado de Otto Habsburg e do seu pai.
"Karl von Habsburg (o imperador) percebeu durante a Primeira Guerra Mundial que a monarquia austro-húngara não prestou atenção a algumas coisas, o que acabou por conduzir à guerra países e pessoas que faziam parte dela. Embora a monarquia tenha proporcionado vantagens à Hungria, ela foi desvantajosa para muitas outras nações mais pequenas. No atual pensamento europeu, onde federalistas e soberanistas se opõem de forma espetacular uns aos outros, é muito importante prestar atenção a estas proporções. Otto von Habsburg chama a nossa atenção para este facto. E o princípio da solidariedade é igualmente importante, para que também prestemos atenção à situação social".
Otto von Habsburg nunca chegou a reinar, mas como refere a repórter da Euronews, Nora Shenouda, "continuou o legado político da sua família no Parlamento Europeu. Foi eurodeputado durante 20 anos e sempre defendeu ativamente os interesses da Hungria. Embora não lhe fosse permitido sentar-se no trono, ganhou reconhecimento por direito próprio, com a sua posição corajosa e os seus discursos apaixonados".