Borrell pede reforço da Defesa da União Europeia após gastos recorde

A União Europeia atingiu um novo máximo de despesas com a Defesa, em 2021. No total, revela o relatório anual da Agência Europeia de Defesa, foram gastos 214 mil milhões de euros, mais 6% que no ano anterior.
O montante de despesas totais em Defesa europeia no ano passado, que superou pela primeira vez a fasquia dos 200 mil milhões de euros, corresponde a 1,5% do produto interno bruto (PIB) dos 26 Estados-membros da AED (a Dinamarca é o único Estado-membro da União Europeia que não integra a agência). Deste valor global, 52 mil milhões foram destinados a aquisição de equipamento e investigação e desenvolvimento, o que representa também um valor recorde e um aumento de 16% face a 2020.
O relatório salienta que “o aumento sustentado da despesa global também se reflete em números nacionais”, já que, em 2021, “dos 18 Estados-membros que aumentaram as despesas, seis aumentaram-nas em 10% ou mais”, tendo apenas oito países reduzido as despesas, mas o documento não especifica quais.
A União Europeia não inclui, no entanto, nenhum dos cinco países que mais investem em defesa militar. De acordo com o Instituto Internacional de Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI), os mais gastadores, em 2021, foram os Estados Unidos da América, a China, a Índia, o Reino Unido e a Rússia, representando juntos 62% das despesas.
Apesar do aumento geral, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, apela aos Estados-membros para investirem mais na cooperação, sobretudo tendo em conta o esforço de guerra com a Ucrânia.
"Esta guerra contra a Ucrânia tem sido um despertar brutal para muitos de nós, para todos nós. Tem sido certamente um despertar. Apercebemo-nos de que as nossas reservas militares se esgotaram rapidamente devido a anos de subinvestimento. Permitam-me que diga que sei que a opinião pública prefere pão a canhões, mas há anos que temos falta de investimento", disse Borrell.
O financiamento da Defesa na União Europeia, tem vindo a registar um crescimento contínuo desde 2014, o mesmo ano em que a Rússia anexou a Crimeia
Estados como França defendem também um reforço do poderio militar comunitário
Atualmente, no campo da Defesa, os países europeus dependem sobretudo dos Estados Unidos da América e da NATO, tendo já acolhido desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro, dezenas de milhares de soldados norte-americanos.