Jogos Olímpicos Paris 2024: Reforço da videovigilância gera controvérsia em França

Símbolo dos Jogos Olímpicos frente à Câmara Municipal de Paris
Símbolo dos Jogos Olímpicos frente à Câmara Municipal de Paris Direitos de autor Lewis Joly/Copyright 2022 The AP. All rights reserved
De  Cyril FournerisEuronews
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Assembleia Nacional vai em breve votar projeto de lei que visa alargar métodos de reconhecimento de pessoas.

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O reforço da videovigilância em França está a gerar polémica. O país debate atualmente um projeto de lei sobre os meios que irá usar para garantir a segurança dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

Algumas cidades francesas estão já a recorrer a inteligência artificial. É o caso de Massy, nos arredores de Paris, onde os algoritmos ajudam a polícia a detetar infrações de trânsito.

"Quando um veículo estaciona num espaço proibido, a análise de vídeo envia-nos um sinal que nos poupa tempo", explica Régis Lebeaupin, da Polícia Municipal de Massy. 

Nós sabemos que isto não termina em 2025, [porque] foi investido muito dinheiro nisto. (...) França não quer saber e continua. Em dois meses vai fazer uma lei sem precedentes na União Europeia
Noémie Levain
Advogada

Lei francesa proíbe reconhecimento facial

Esta tecnologia está altamente regulamentada. O reconhecimento facial é proibido em França e à partida vai continuar a ser, mesmo após a aprovação da nova lei, porque "o quadro jurídico francês proíbe a referência cruzada de dados". Ou, como esclarece o responsável pela proteção de dados da polícia de Massy, "é claro que filmamos rostos. No entanto, a lei proíbe-nos de associar esses rostos a uma identidade".

Por outro lado, a lei vai permitir que, através de algoritmos, sejam detetados comportamentos considerados suspeitos entre as multidões em redor dos estádios, como, por exemplo, indivíduos estáticos, como pessoas a andar na direção errada ou com a cara coberta.

E depois dos Jogos Olímpicos?

O sistema deverá permanecer em vigor até 2025, mas há quem acredite que a medida temporária venha na verdade para ficar.

Uma campanha contra a chamada vigilância biométrica foi já colocada em marcha e conta com o apoio da advogada Noémie Levain, para quem "os Jogos são só um pretexto". 

"Nós sabemos que isto não termina em 2025, [porque] foi investido muito dinheiro nisto. Há uma lei sobre inteligência artificial que está a ser debatida em Bruxelas e há um grande movimento favorável à interdição da vigilância biométrica. E França não quer saber e continua. Em dois meses vai fazer uma lei sem precedentes na União Europeia", alerta. 

Outro ponto sensível é a retenção de dados, fixada em 5 anos. Ou seja, até muito depois dos Jogos Olímpicos.

O projeto de lei deverá ser debatido pela Assembleia Nacional francesa, em março. Uma comissão independente (CNIL) terá então de dar o seu parecer antes da sua implementação a tempo dos Jogos Olímpicos.

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