Tensão crescente entre o Kosovo e a Sérvia

KFOR tenta manter a estabilidade e segurança no norte do Kosovo, onde a tensão é crescente
KFOR tenta manter a estabilidade e segurança no norte do Kosovo, onde a tensão é crescente Direitos de autor AFP
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De  Maria Barradas com Agências
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A tensão volta a crescer no norte do Kosovo. Pristina tenta instalar autarcas eleitos em eleições boicotadas pelos sérvios. UE apela ao diálogo e diz que "não aceita ações provocatórias".

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As tropas sérvias estão em alerta máximo na fronteira com o Kosovo, na sequência de confrontos no Kosovo entre a polícia e os residentes de etnia sérvia.

Os sérvios, maioritários no norte do Kosovo, tentaram impedir na sexta-feira a entrada nos edifícios municipais dos autarcas de etnia albanesa recentemente eleitos.

O ministro da Defesa da Sérvia, Milos Vucevic, afirmou: "O exército da Sérvia está, naturalmente, em contacto com a KFOR e esperamos que a KFOR se envolva muito mais no terreno, para garantir a segurança, a liberdade, os direitos humanos, aos seus cidadãos que vivem no território da província, para que não haja diferença se são sérvios ou albaneses ou outra nação".

A polícia do Kosovo disparou gás lacrimogéneo para dispersar a multidão e permitir que os novos autarcas entrassem nos gabinetes, tendo ficado feridas uma dúzia de pessoas.

As eleições antecipadas do mês passado foram largamente boicotadas pela etnia sérvia, tendo votado apenas 1500 dos 45 mil eleitores inscritos, o que levou a que apenas representantes da etnia albanesa ou de outras minorias mais pequenas tenham sido eleitos para os cargos de presidente da câmara e para as assembleias municipais.

Acusações mútuas

O governo sérvio acusa Pristina de praticar o "terror" contra a comunidade sérvia do Kosovo, enquanto o Kosovo culpa a Sérvia e aquilo a que chama as suas "estruturas criminosas ilegais no norte do Kosovo" pela violência e pelos ataques às forças da ordem.

Os sérvios do norte do Kosovo não reconhecem a autoridade destes presidentes de câmara, eleitos numas eleições em que, devido ao boicote sérvio, a taxa de participação foi de apenas 3%.

As eleições foram organizadas por Pristina depois de os representantes sérvios do Kosovo se terem retirado das instituições do país, em novembro passado, para denunciar a discriminação de que são alvo por parte do governo.

Condenação da União Europeia

A União Europeia condenou esta sexta-feira "veementemente" o recurso à violência por parte do Kosovo para obrigar os presidentes de câmara de três municípios do norte do país a entrarem em câmaras municipais bloqueadas pela minoria sérvia, que não reconhece a autoridade dos vereadores, e avisou que não aceitará "mais ações unilaterais ou provocatórias".

"A UE não aceitará mais ações unilaterais ou provocatórias e deve ser dada prioridade à preservação da paz e da segurança no terreno", declarou o porta-voz do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), Peter Stano, em comunicado.

O porta-voz do chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, sublinhou que "todos devem tomar medidas para desanuviar a situação e restabelecer imediatamente a calma".

Os Vinte Sete também "lamentam profundamente os ataques às patrulhas da missão civil da UE no Kosovo, a EULEX", que "deve ser autorizada" a "cumprir o seu mandato de forma pacífica".

Para Bruxelas as recentes eleições parciais no norte do Kosovo não oferecem uma solução política a longo prazo para os municípios envolvidos.

Peter Stano acrescentou que essa solução só pode ser encontrada através de um verdadeiro diálogo entre todas as partes interessadas, incluindo o Kosovo, a Sérvia e a comunidade sérvia do Kosovo, sob a facilitação da União Europeia.

O Kosovo, uma antiga província sérvia habitada por uma grande maioria de albaneses, proclamou a independência - que a Sérvia não reconhece -  em 2008.

Os dois países estão a negociar a normalização das suas relações com base num novo plano da UE, apoiado pelos Estados Unidos, num processo difícil e no meio de frequentes tensões.

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