Produção de vinho está a mudar na Áustria e a culpa é das temperaturas

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De  Johannes PleschbergerEuronews
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Numa produção condicionada pelo frio, a subida das temperaturas está provocar alterações nas colheitas. Produtores estão já a apostar em uvas diferentes para garantir exportação.

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A subida das temperaturas está a alterar o sabor de muitos vinhos na Áustria, razão que levou já vários produtores a mudar de vinhas para outras castas.

Em agosto, parece que estamos num forno. Desde a minha juventude, a época das colheitas já avançou seis semanas, conta o viticultor e enólogo Gunter Tribaumer.

Com a colheita antecipada durante o verão, o vinho perde acidez e frescura.

A situação tem sido salva apenas com a Furmint, uma variedade de uva branca relativamente desconhecida

O produtor explicar que "a Furmint tem um amadurecimento tardio, portanto, quando faz calor em agosto e outras variedades já estão a acumular açúcares e a baixar a acidez, a Furmint é uma opção segura, porque amadurece mais tarde".

Devido às alterações climáticas, cada vez mais vitivinicultores austríacos estão a produzir uvas Furmint. 

Nos últimos oito anos, a área de cultivo desta variedade triplicou. 

A nível internacional, os vinhos austríacos são cada vez mais percecionados como produções conscientes do ponto de vista ambiental e de alta qualidade. E recentemenete as exportações atingiram novos máximos.

Francesco Nardo vende vinhos em Viena e diz que "em termos de exportação, as variedades Grüner Veltliner e Riesling são as duas maiores representantes da Áustria."

Atualmente, as uvas Grüner Veltliner ocupam um terço da área cultivada na Áustria.

O calor poderá fazer com que muitos vinicultores desistam de exportar esta variedade, uma vez que, de acordo com Michaela Griesser, investigadora Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida Aplicadas, em Viena, "poderemos vir a ter menos Grüner Veltliners vivos e, em vez disso, Grüner Veltliners um pouco mais fortes".

As mudanças na produção de vinho não são um fenómeno exclusivo da Áustria.

"Já existem algumas vinhas na Suécia. Por isso, pode dizer-se que as zonas vão mudar. E talvez nessas zonas centrais, onde fica demasiado calor, se possa plantar outras culturas e não vinho", afirma a investigadora.

Até agora, a viticultura em muitos locais da Áustria tem sido condicionada pelo frio. A subida das temperaturas pode significar uma oportunidade para a república alpina: mais área cultivada e novas variedades.

Além da Furmint, também a Petit Manseng já provou ser resistente ao calor, isto porque, conforme explica Gunter Triebaumer, "a Petit Manseng ainda está realmente verde em agosto e ainda não armazenou qualquer açúcar, e por isso não é afetada pelo calor de agosto".

Os efeitos das alterações climáticas estão também a levar muitos produtores de vinho investir em mais mudanças, como, por exemplo, a irrigação artificial.

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