Portugal está no grupo de oito países que esta segunda-feira assinam um "compromisso com a democracia" e é, para já, o único país fora da América Latina a participar na iniciativa do governo chileno.
No documento “Compromisso: Pela Democracia, sempre”, os países comprometem-se a “fortalecer os espaços de colaboração entre Estados através de um multilateralismo maduro e respeitoso das diferenças, que estabeleça e persiga os objetivos comuns necessários para o desenvolvimento sustentável das sociedades”.
Portugal, Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, México e Uruguai assinam hoje, no Chile, este compromisso, no contexto dos 50 anos do golpe de Estado de Augusto Pinochet.
A inclusão de países estrangeiros é o capítulo internacional do texto. Na quinta-feira, o Presidente do Chile, Gabriel Boric, e os quatro ex-presidentes sobreviventes Eduardo Frei Ruiz-Tagle (1994-2000), Ricardo Lagos (2000-2006), Michelle Bachelet (2006-2010 e 2014-2018) e Sebastián Piñera (2010-2014 e 2018-2022) assinaram o documento sobre os 50 anos do golpe de Estado.
O primeiro ponto do documento estabelece o compromisso com “o cuidado e com a defesa da democracia, respeitando a Constituição, as leis e o Estado de Direito”.
No segundo, os signatários comprometem-se a “enfrentar os desafios da democracia com mais democracia, nunca com menos, condenando a violência e incentivando o diálogo”.
No terceiro, prometem “fazer da defesa e da promoção dos direitos humanos um valor compartilhado pela comunidade política e social chilena”.
O quarto ponto é o capítulo internacional para “fortalecer os espaços de colaboração entre os Estados”.
Gabriel Boric não conseguiu o compromisso dos partidos de extrema-direita e da direita tradicional, atualmente maioria no Parlamento e na Assembleia Constituinte, para redigir uma nova Constituição do país. Defensores do modelo económico neoliberal de Pinochet, aqueles partidos justificam o golpe militar de 11 de setembro de 1973 como necessário para livrar o país do comunismo do socialista Salvador Allende.
Marcha em memória das vítimas da ditadura termina em confrontos
A Marcha em memória das vítimas da ditadura de Pinochet, organizada este domingo, em Santiago do Chile, terminou em confrontos com a polícia.
A maioria dos manifestantes marchou de forma pacífica, mas algumas pessoas arremessaram pedras contra o palácio presidencial, destruíram as barreiras de segurança colocadas na via pública e danificaram o acesso a um centro cultural localizado no edifício.
Três polícias ficaram feridos e três pessoas foram detidas na sequência destes incidentes, segundo fontes governamentais.
Presidente chileno, Gabriel Boric, tornou-se o primeiro presidente do país a participar no cortejo desde o fim da ditadura, em 1990.
50 anos do golpe de estado
Passaram 50 anos desde que a junta militar do Chile chegou ao poder.
No dia 11 de setembro de 1973, o exército chefiado pelo General Augusto Pinochet lançou um golpe com o apoio secreto dos Estados Unidos.
Os soldados tomaram o palácio presidencial, destituindo o presidente Salvador Allende, que se suicidou.
Pinochet manteve-se no poder durante 17 anos, um período de ditadura em que mais de 3.000 pessoas morreram ou desapareceram e cerca de 200.000 fugiram para o exílio. Ainda hoje, apesar dos debates recorrentes, a Constituição de 1980 continua em vigor.