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Presidente de Portugal retrata-se após acusar "alguns palestinianos" pelo atual conflito

Mareclo Rebelo de Sousa com o embaixador palestiniano em Portugal, Nabil Abuznaid
Mareclo Rebelo de Sousa com o embaixador palestiniano em Portugal, Nabil Abuznaid Direitos de autor  RTP
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De Francisco Marques
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"Desta vez foi alguém do vosso lado que começou", disse o Presidente de Portugal ao embaixador palestiniano em Lisboa. Bloco de Esquerda e membros do Partido Socialista criticam Marcelo Rebelo de Sousa: "Não em meu nome"

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O Presidente de Portugal teve esta sexta-feira de se retratar após ter acusado o lado palestiniano de ter espoletado o atual conflito entre Israel e o Hamas, que está a destruir a Faixa de Gaza.

Primeiro, na abertura do Bazar Diplomático 2023, no Centro de Congressos de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se ao embaixador da Autoridade Palestiniana em Portugal e disse: "Eu sei que culpam Israel, mas desta vez foi alguém do vosso lado que começou. E não deviam."

O extremismo gera mais extremismo e, desta vez, o extremismo começou por parte de alguns palestinianos.
Marcelo Rebelo de Sousa
Presidente da República Portuguesa

Numa troca de palavras em inglês captada pela câmara da RTP e pelos microfones dos muitos jornalistas que o seguiam, o Chefe do Estado português ouviu Nabil Abuznaid dizer que os palestinianos vivem "sob ocupação há anos", disse reconhecer isso, mas insistiu que "não deviam ter começado", embora tivesse também limitado a responsabilidade a apenas uma parte dos palestinianos, referindo "um grupo", que se identifica facilmente: o Hamas.

Algumas horas depois, durante a visita à Feira da Golegã, o Presidente português retratou-se após ter sido confrontado pelos jornalistas com as críticas que lhe foram dirigidas, nomeadamente pela líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, para quem a afirmação de Marcelo "envergonha Portugal".

"O que eu disse foi o seguinte, foi que, neste caso específico, o ataque terrorista como se deu serviu como pretexto que não facilitava a nossa finalidade que é ter um Estado palestiniano e ter um Estado israelita. O ataque deu pretexto àqueles que são adversários disso", sublinhou e completou: "E depois até acrescentei ‘felizmente os palestinianos, como um todo, não se podem confundir com o ataque terrorista de um grupo muito específico'."

Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que "Portugal mantém a mesma posição de sempre" de que "deve de haver dois Estados a conviver pacificamente" e que "tudo o que contribui para isso em termos de paz, Portugal apoia".

E, por fim, apontou também culpas a Israel: "Parece que isso aconteceu, obviamente, como aconteceu muitas vezes do outro lado, do lado do israelita extremista, com comportamentos como o colocar colonatos ou ocupar determinado tipo de território."

"Só que é evidente que, atos com maior violência, como atos terroristas com os efeitos que tiveram, depois acabam por servir de pretexto", reiterou, citado pela Lusa.

Marcelo defendeu que o direito humanitário "é violado quer por atos terroristas que matam crianças, mulheres, vítimas inocentes, quer por respostas a isso, que matam crianças, mulheres, vítimas inocentes".

O direito humanitário é direito humanitário, vale para todos.
Marcelo Rebelo de Sousa
Presidente da República Portuguesa

"O direito humanitário, disse as Nações Unidas, é para valer para todos, para todos, quer aqueles que realmente desencadeiam atos terroristas, como o que foi o primeiro nesta fase mais recente, quer daquelas atuações que sacrificam vítimas inocentes", reforçou.

A este propósito, Marcelo citou Francisco Louçã, antigo líder do bloco de Esquerda, que disse ser "intolerável haver a ideia da culpa coletiva" e que "alguém que pertence a um povo deve ser punido porque alguém desse povo atuou de uma forma intolerável".

“Isso é inaceitável, porque é cair em cima de vítimas, sejam quem forem”, sublinhou.

Antes, ainda em Lisboa, o chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal manifestou-se desapontado com as palavras trocadas com Marcelo Rebelo de Sousa.

"Se queremos ser justos, temos de condenar a violência dos dois lados, pelo menos, e de condenar a ocupação, essa é a raiz do problema. Se queremos ser justos. E o Presidente repetiu cinco vezes para a imprensa aqui o ataque de 07 [de outubro], mas não mencionou o povo de Gaza. Isto é injusto", declarou Nabil Abuznaid aos jornalistas.

Dois membros do Secretariado Nacional do Partido Socialista, Porfírio e Silva e Isabel Moreira, também criticaram as palavras dirigidas pelo Presidente da República ao embaixador palestiniano.

"Parece que o Presidente da República terá dito ao representante da Palestina em Portugal que 'desta vez foram alguns de vocês que começaram'. Será que o Presidente da República também confunde o Hamas com os palestinianos?”, perguntou Porfírio Silva, membro da direção e vice-presidente da bancada do PS, nas redes sociais.

Porfírio Silva questiona depois "se não seria razoável exigir" a Marcelo Rebelo de Sousa, “no mínimo", que "não confunda o Hamas e a Autoridade Palestiniana".

Já Isabel Moreira, também pelas redes sociais, partilhou um vídeo da troca de palavras de Marcelo Rebelo de Sousa com Nabil Abuznaid e, lembrando o secretário-geral das Nações Unidas que disse recentemente que o "ataque do Hamas não surgiu do vácuo", escreveu: "Eu tenho tanta vergonha alheia . Que bom que há António Guterres. Que embaraço . Que dor . Que falta de empatia."

Outras fontes • RTP, Lusa

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