O fenómeno "Novo Contrato Social" nos Países Baixos

Cartaz da campanha eleitoral do Novo Contrato Social, o novo partido político, que pode vencer as eleições de 22 de novembro nos Países Baixos
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Pai de quatro filhos, Pieter Omtzigt tem dito que não quer ser primeiro-ministro porque tem compromissos em casa com a família, que vive a 200 km de Haia.

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A dois dias das eleições legislativas nos Países Baixos, muitos acreditam que o fenómeno político do momento, o Novo Contrato Social, venha a ser determinante no próximo governo.

O partido, fundado há apenas cinco meses, surge nas sondagens como potencial vencedor, uma situação que surpreende até o seu fundador, Pieter Omtzigt, um deputado com 20 anos de carreira política, que não tenciona ser primeiro-ministro.

Omtzigt, que criou o Novo Contrato Social no verão passado, afirma: "Eu próprio estou muito surpreendido com a velocidade com que tudo isso está a acontecer. Quero dizer, estamos diante de um partido que tinha cinco membros há três semanas."

O partido defende a reforma constitucional e a redução do custo de vida, mas a principal atração não são as políticas; é o homem, Omtzigt.

“Tornei-me membro do partido porque tenho muita fé em Pieter Omtzigt e nas suas ideias. Espero que ele possa trazer as reformas necessárias", diz um militante.

Uma mulher afirma: “Ele é apenas um homem gentil e amigável. Realmente interessado nos outros; nos seus semelhantes. Ele pensa como nós. Acho que é muito gentil."

As sondagens prevêem que qualquer vencedor da eleição terá de fazer parte de uma coligação para governar – o que significa fazer compromissos.

Mariken van der Velden, Professora Assistente de Comunicação Política, da Universidade de Amesterdão comenta: “Isso vai exigir que ele trabalhe em conjunto com outros partidos, e vai exigir que ele consiga mudar um pouco o rumo desse navio enorme que é um governo. Mas ele está a prometer virar o navio 180 graus, e isso não é possível para nenhum governo, por isso, ele terá – de certa forma – de decepcionar as pessoas que esperam que agora tudo realmente mude.”

"Um recorde de 26 partidos participam na eleição. Quando faltam apenas dois dias para o fim da campanha, a corrida está muito renhida. As sondagens mostram que, aconteça o que acontecer, Pieter Omtzigt e o seu Novo Contrato Social serão uma força a ter em conta na política holandesa durante os próximos quatro anos. Tanto a esquerda como a direita precisarão dele para formar uma coligação", diz a repórter da Euronews, Fernande van Tets.

Quem é Pieter Omtzigt?

Pieter Omtzigt é um dos políticos conservadores mais populares dos Países Baixos, um tecnocrata cheio de boas intenções:  “Queremos realizar os nossos ideais, e não procurar o poder pelo poder”, afirma.

Carismático, o antigo deputado democrata-cristão popularizou-se na opinião pública pela luta contra o establishment político, quando abandonou o partido após ter produzido um relatório muito crítico sobre o que se passava no interior e, mais tarde, quando descobriu e divulgou o escândalo fiscal que viria a ditar a demissão do ainda primeiro-ministro, Mark Rutte, em 2021.

Pai de quatro filhos, Pieter Omtzigt tem dito que não quer ser primeiro-ministro porque tem compromissos em casa com a família, que vive a 200 km de Haia. Espera-se que, se o seu partido vencer as eleições, venha a nomear outro chefe para o governo.

Este é talvez um dos maiores enigmas desta eleição: Uma boa parte do eleitorado neerlandês está disposto a dar o seu voto de confiança a um líder carismático, que não quer assumir a governação.

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