Vilnius confirma investigação jornalística que confirma que filhos do oligarca russo têm cidadania lituana. Mas isso não pode servir para evitar as sanções, diz o governo.
Os filhos do oligarca russo Roman Abramovich têm passaportes lituanos, segundo confirmaram as autoridades do país, mas isso não pode ser um pretexto para contornar as sanções à Rússia e a personalidades russas.
O Ministério do Interior da Lituânia confirmou as conclusões do centro de jornalismo de investigação "Siena", que colaborou com uma investigação internacional. De acordo com este órgão, pelo menos dois filhos de Roman Abramovich têm cidadania lituana porque os avós eram originários da região de Taurage, na Lituânia, pelo que, nos termos da lei, Abramovich, os filhos e até os pais têm direito à cidadania lituana.
Arkady, o filho de Roman Abramovich, adquiriu um passaporte lituano a 5 de dezembro de 2013.
A ministra do Interior, Agne Bilotatie, sublinhou que os passaportes lituanos não podem servir de cobertura para contornar as sanções. Bilotatie disse que está a ser preparada legislação que permitirá retirar a nacionalidade lituana a pessoas com base numa ameaça à segurança nacional, incluindo aquelas que adquiriram os passaportes com base na ascendência. A ministra encarregou igualmente as autoridades competentes de averiguar quantos dos indivíduos sancionados ou dos familiares têm cidadania lituana.
Os analistas de segurança alertaram para o facto de este tipo de operações com passaportes poder ser utilizado não só para fugir às sanções, mas também para influenciar o sistema político lituano.
No início deste ano, uma investigação do jornal britânico "The Guardian" descobriu que, pouco antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, na sequência da qual foram impostas sanções ao próprio Abramovich, o oligarca russo transferiu parte do seu património para os filhos.