O presidente da Argentina vai a Madrid para participar num evento organizado pela extrema-direita espanhola. Javier Milei, no entanto, não faz questão de encontrar-se com Pedro Sánchez e prefere participar no “Viva 24”, o que originou protestos quando chegou a Madrid no sábado.
Centenas de pessoas reuniram-se na Plaza de Callao, em Madrid, para protestar contra o presidente argentino, Javier Milei, no início da sua visita de três dias à Espanha.
Normalmente, um chefe de Estado visitante tenta resolver as diferenças através da diplomacia. Não é o caso de Milei. O economista não planeia encontrar-se com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez durante a sua estadia na capital espanhola, nem com o Rei ou qualquer outra autoridade do Estado espanhol.
Em vez disso, Milei vai participar numa cimeira de extrema-direita, no domingo, organizada pelo partido Vox, o mais feroz adversário político de Sánchez.
Estas manifestações representam não apenas uma resposta local, mas um protesto global, com a participação de cidadãos argentinos residentes em Espanha.
Ainda antes de iniciar a sua visita de três dias a Madrid, na sexta-feira, o presidente autointitulado de “libertário da Argentina”, Javier Milei, causou polémica ao acusar o Governo socialista de trazer “pobreza e morte” a Espanha e ao comentar as acusações de corrupção contra a mulher do primeiro-ministro.
Milei: “Quando eu era um ser desprezível, o único que me acolheu foi Abascal”
Esta visita pouco ortodoxa é habitual para Milei, um favorito da extrema-direita mundial que tem estado ligado ao bilionário da tecnologia Elon Musk e elogiou o antigo presidente dos EUA, Donald Trump.
No início deste ano, durante uma viagem aos Estados Unidos, Milei evitou a Casa Branca e discursou na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), onde se insurgiu contra o aborto e o socialismo e partilhou um abraço com Trump.
A cimeira de domingo, do partido de extrema-direita Vox, tem como objetivo reunir figuras populistas de toda a Europa, para mobilizar a base do partido antes das eleições de junho para o Parlamento Europeu. Milei descreveu a sua presença como um “imperativo moral” e está também previsto um encontro com empresários espanhóis no sábado.
As tensões entre Milei e Sánchez começaram quando o primeiro-ministro espanhol se recusou a felicitar o economista libertário pela sua surpreendente vitória eleitoral em novembro passado.
A hostilidade aumentou no início deste mês quando um dos ministros de Sánchez sugeriu que Milei tinha consumido estupefacientes. A presidência argentina respondeu com uma declaração oficial invulgarmente dura, acusando o governo de Sánchez de “pôr em perigo a classe média com as suas políticas socialistas que só trazem pobreza e morte”.
A longa declaração acusou Sánchez de ter “problemas mais importantes para resolver, como as acusações de corrupção contra a sua mulher”.
As acusações de tráfico de influências e corrupção contra a mulher de Sánchez, Begoña Gómez, levaram Sánchez, um dos líderes socialistas mais antigos da Europa, a considerar a hipótese de se demitir.