A proposta de resolução da ONU, apresentada pela Alemanha e pelo Ruanda, prevê o estabelecimento de um dia anual para assinalar o genocídio de 1995.
No Montenegro, dezenas de manifestantes pró-sérvios reuniram-se, pelo segundo dia consecutivo, em frente ao edifício do governo na capital Podgorica, antes da votação das Nações Unidas.
Os manifestantes, que carregavam bandeiras sérvias, russas e do Reino do Montenegro, protestaram contra a resolução da ONU sobre a criação de um dia anual para assinalar o genocídio de 1995 de mais de 8.000 muçulmanos bósnios pelos sérvios da Bósnia.
O presidente da República da Sérvia, Aleksandar Vucic, afirmou que a resolução da ONU “não vai trazer a reconciliação à região”. Vucic, citado pelos meios internacionais, referiu ainda que todos os envolvidos no massacre de Srebrenica já tinham sido condenados à pena de prisão e que o único objetivo da resolução era “transferir a culpa moral e política para um dos lados”.
Vucic agradeceu, ainda, aos países que votaram contra a proposta de resolução, que segundo a mesmo foram 107, ou que se abstiveram.
França apelou à reconciliação na Bósnia-Herzegovina
A França apelou à reconciliação na Bósnia-Herzegovina, na sequência da resolução sobre Srebrenica. Segundo o representante permanente de França junto das Nações Unidas, Nicolas de Rivière, “quase 30 anos após o fim do conflito na ex-Jugoslávia, ainda há muito a fazer para alcançar a reconciliação na Bósnia-Herzegovina e nos Balcãs Ocidentais”.
"França apela aos líderes políticos dos países desta região para que estejam à altura desta exigência. Cabe-nos a nós olhar para o futuro, fazendo com que a criação do Dia Internacional de Reflexão e Comemoração do Genocídio de Srebrenica seja uma oportunidade para trabalhar no sentido de reconciliar as memórias, com base no respeito e na solidariedade para com todas as vítimas", disse Nicolas de Rivière, citado pelos meios internacionais.
A proposta de resolução da ONU foi apresentada pela Alemanha e pelo Ruanda, e designa o dia 11 de julho para esse efeito. Apesar da proposta não mencionar explicitamente os sérvios como culpados, o presidente sérvio da Bósnia, Milorad Dodik, e o presidente populista da Sérvia, Aleksandar Vucic, manifestaram a sua preocupação pelo facto da medida estigmatizar todos os sérvios como genocidas.
O líder da República da Sérvia voltou a reiterar, na quarta-feira, a sua ameaça de se separar do país dos Balcãs. Também no passado, o líder sérvio da Bósnia ameaçou várias vezes a secessão dos territórios controlados pelos sérvios na Bósnia para se juntarem à vizinha Sérvia.