A Hungria levantou na terça-feira o seu veto a Mark Rutte como próximo líder da NATO, depois do primeiro-ministro neerlandês cessante ter dado garantias escritas que não obrigaria o país a participar nos novos planos da aliança militar para prestar apoio à Ucrânia.
Mark Rutte, o primeiro-ministro neerlandês cessante, deverá tornar-se o próximo chefe da NATO, depois de ter conquistado o primeiro-ministro húngaro ao garantir que cumprirá o acordo que o húngaro tinha feito com Jens Stoltenberg de não enviar as forças de Budapeste para atividades da NATO, nem gastar o seu dinheiro a apoiar a Ucrânia.
As garantias de Rutte, contidas numa carta dirigida ao primeiro-ministro Viktor Orbán, eliminaram um obstáculo importante e ajudam a que se torne o próximo secretário-geral da NATO.
Nesse documento, Rutte afirmou estar a par do resultado das conversações entre Jens Stoltenberg e Órban à NATO e assumiu o compromisso, escrevendo "numa eventual futura capacidade como secretário-geral da NATO, apoiarei totalmente este resultado das conversações" e acrescentou: "Aguardo com expetativa o nosso futuro compromisso - seja ele qual for".
Jens Stoltenberg deverá abandonar o cargo em outubro, mas antes disso conseguiu, numa visita a Budapeste a semana passada, um acordo com Orbán para garantir que a Hungria não bloquearia os planos da NATO para a Ucrânia. "Orbán foi muito claro ao afirmar que a Hungria não participaria nestas iniciativas [de apoio à Ucrânia], e eu aceito esta posição. No entanto, garantiu-me que o seu país não fará oposição a estas medidas, que permitirão aos outros aliados avançar, e confirmou que a Hungria continuará a honrar todos os compromissos que assumiu no âmbito da NATO", concluiu o secretário-geral após o encontro.
Viktor Orban é um dos membros da NATO visto como próximo da Rússia, mas não é o único. Também a Eslováquia é assumida como próxima do governo de Putin, mas na terça-feira, Peter Pellegrini, presidente eslocavo, disse num briefing, "a República Eslovaca pode imaginar apoiar o primeiro-ministro holandês Mark Rutte como chefe da aliança".
Reação de Stoltenberg
Stoltenberg, em visita à América do Norte, depois de um encontro com Antony Blinken, em Washington, comentou as últimas notícias sobre o tema. "Com o anúncio do apoio do primeiro-ministro húngaro [Viktor] Orban, é óbvio que estamos muito perto de uma conclusão para a seleção do próximo Secretário-Geral, o que é uma boa notícia", disse Stoltenberg aos jornalistas.
"Penso que Mark [Rutte] é um candidato muito forte. Tem muita experiência como primeiro-ministro. É um amigo e colega próximo e, por isso, acredito firmemente que, muito em breve, a aliança terá decidido o meu sucessor", afirmou.
Stoltenberg, antigo primeiro-ministro norueguês, tornou-se secretário-geral da NATO em 2014 e o seu mandato foi prorrogado várias vezes por falta de novo sucessor.
Este ano, foi o próprio Stoltenberg a indicar que não podia continuar no cargo, e Rutte apresentou-se rapidamente ao cargo, conseguindo desde logo o apoio dos EUA, Reino Unido, Alemanha e França.
A NATO vai realizar a sua cimeira anual em Washington DC no próximo mês, julho, numa altura em que a Ucrânia procura obter mais assistência face aos novos ataques da Rússia. Espera-se que Rutte assuma a liderança da aliança após a cimeira.
Rutte, a assumir o cargo, terá vários desafios pela frente. Além da ajuda à Ucrânia, Rutte poderá ter de lidar com Donald Trump, caso este vença a presidência dos EUA. Trump tem manifestado repetidamente o seu ceticismo em relação ao valor da NATO.