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Frustração com a classe política dominante leva à ascensão da extrema-direita

Herbert Kickl, líder do Partido da Liberdade da Áustria, acena a apoiantes após o encerramento das urnas nas eleições
Herbert Kickl, líder do Partido da Liberdade da Áustria, acena a apoiantes após o encerramento das urnas nas eleições Direitos de autor  Heinz-Peter Bader/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
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De Jan Husar
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O Partido da Liberdade, de extrema-direita, atingiu um patamar histórico após ter saído vitorioso das eleições legislativas na Áustria. Com 29% dos votos, um partido de extrema-direita é dominante pela primeira vez desde a II Guerra Mundial.

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A nova tendência pelos extremos parece ocupar todo o espetro político. As margens estão a ser empurradas tanto para a direita como para a esquerda.

A frustração com o sistema político dominante e o consequente aumento da extrema-direita é uma tendência visível não só na Áustria, mas também noutros países da Europa.

"A ascensão do FPÖ (Partido da Liberdade) é certamente algo surpreendente, porque surgiu como o primeiro partido, mas ao mesmo tempo é também bastante surpreendente que o partido comunista da Áustria quase tenha conseguido entrar no parlamento. Tinham sido muito bem-sucedidos a nível local, em grandes cidades como Salzburgo e Gratz. Até o presidente da Câmara de Gratz é comunista", explicou à Euronews Cengiz Günay, diretor do Instituto Austríaco para os Assuntos Internacionais (OIIP)

O partido FPÖ foi bem-sucedido a nível local e regional no ano passado, centrando a sua agenda no preço razoável e acessível da habitação, que é um dos principais problemas na Áustria, nomeadamente o aumento dos preços das rendas.

Enquanto outros partidos políticos lutam para ter uma agenda definida, os analistas dizem que a mensagem clara do Partido da Liberdade, como uma posição de linha dura contra a migração, ajudou a diferenciá-lo de outros partidos políticos.

"Penso que a migração em si não é a principal questão, o principal problema. É provavelmente uma das mudanças mais visíveis e é por isso que as pessoas resistem e reagem a ela de uma forma mais emocional", explicou Günay. "Mas os problemas reais são a crise do sistema de saúde, do sistema educativo sistema de educação e sistema administrativo", concluiu.

Retórica do FPÖ vai contra apoios à Ucrânia e contra a imigração

A frustração do país com a guerra na Ucrânia, a situação pós-pandemia e a elevada inflação foram largamente utilizadas pelo Partido da Liberdade para garantir uma oportunidade de governar a Áustria.

O presidente do Partido da Liberdade, Herbert Kickl, critica qualquer ajuda militar enviada à Ucrânia e propõe a retirada da iniciativa do Escudo Celestial Europeu. O partido também quer acabar com as sanções contra a Rússia.

Com o envelhecimento da população austríaca, a imigração em si é um remédio, se for tratada corretamente.

"A economia austríaca está em crise, o que é mais uma razão para a vitória da extrema-direita. Porque as pessoas não veem qualquer esperança de crescimento económico num futuro próximo. Isto é frustrante, muitas pessoas temem pelos seus empregos" explicou Cengiz Günay, reforçando que com o envelhecimento da população no país, tal como acontece em outros países europeus, a Áustria "precisa efetivamente da imigração".

Vitória não chega: FPÖ precisa de aliados

Para se tornar o novo líder da Áustria, Herbert Kickl, do Partido da Liberdade, precisará de um parceiro de coligação que lhe permita obter uma maioria parlamentar.

A primeira opção de coligação com base no número de lugares no parlamento é FPÖ + OVP, ou seja o partido de extrema-direita com o atual partido no poder, OVP. O atual chanceler declarou anteriormente que o OVP não participará no acordo com o FPÖ.

A segunda possibilidade é FPÖ + SPO, ou seja, o Partido da Liberdade com os sociais-democratas. A terceira possibilidade é a coligação OVP + SPO, que deixa o FPÖ de fora do acordo de governo, apesar de ter sido o vencedor das eleições.

É provável que quatro dos cinco partidos que garantiram o seu acesso ao parlamento austríaco procurem formas diferentes de formar uma coligação e governar sem o Partido da Liberdade austríaco.

Com os partidos políticos a equilibrarem ideologias antagónicas com a necessidade de um governo funcional, o futuro político da Áustria é incerto.

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