Já são conhecidos os nomes dos reféns a serem libertados pelo Hamas. Entre eles, um cidadão português e dois com ligações a Portugal. De acordo com o gabinete do primeiro-ministro israelita, a primeira fase de libertação de reféns acontece no domingo.
De acordo com o gabinete do primeiro-ministro israelita, os 33 reféns - cujos nomes foram divulgados na manhã de sexta-feira - serão libertados no domingo.
Inicialmente na lista oficial divulgada por Israel, e publicada pelo jornal Times of Israel, constavam "três nomes com ligações a Portugal".
Agora, o Governo português veio confirmar que pelo menos um cidadão com nacionalidade portuguesa e dois com ligações ou eventuais ligações a Portugal, feitos reféns em Gaza desde outubro de 2023, poderão ser libertados este domingo.
"Até este momento, com a informação disponível, temos um cidadão com nacionalidade portuguesa e dois com ligações ou eventuais ligações a Portugal confirmados na lista de reféns", adiantou uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) à Lusa.
O Executivo ressalva, no entanto, que estas informações estão "sujeitas a eventual retificação".
De acordo com a Renascença, Ofer Kalderon, que tem nacionalidade portuguesa, Or Levy e Tsahi Idan, que têm eventuais ligações a Portugal - serão os três reféns em causa. Há, ainda, três homens que terão ligações a Portugal que permanecem reféns em Gaza.
Horas antes, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que foi alcançado um acordo para o regresso dos reféns detidos em Gaza, depois de o seu gabinete ter dito anteriormente que existiam obstáculos de última hora na finalização de um cessar-fogo que interromperia 15 meses de guerra entre Israel e o Hamas.
Netanyahu disse que iria convocar o seu gabinete de segurança ainda na sexta-feira e mais tarde iria reunir-se com o Governo para aprovar o tão esperado acordo.
A declaração de Netanyahu, feita durante a madrugada, parece abrir caminho para a aprovação do acordo por Israel, que permitirá interromper os combates em Gaza e libertar dezenas de reféns detidos na Faixa de Gaza em troca de prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
O acordo irá permitir também que centenas de milhares de palestinianos deslocados regressem ao que resta das suas casas em Gaza.
Netanyahu disse ter dado instruções a uma equipa especial para que se preparasse para receber os reféns que regressam de Gaza e informou as suas famílias de que o acordo tinha sido alcançado.
Israel adiou a votação sobre o cessar-fogo na quinta-feira, atribuindo o atraso a um impasse de última hora com o Hamas, enquanto crescentes tensões na coligação do governo de Netanyahu levantaram dúvidas sobre a implementação do acordo, apenas um dia após o presidente dos EUA, Joe Biden, e o principal mediador, o Qatar, anunciarem a sua conclusão.
O gabinete de Netanyahu acusou o Hamas de negar partes do acordo numa tentativa de "obter mais concessões".
Numa conferência de imprensa na quinta-feira, o porta-voz do governo israelita, David Mencer, disse que as novas exigências do Hamas diziam respeito ao destacamento de forças israelitas no corredor de Filadélfia, a estreita faixa de fronteira com o Egito, que as tropas israelitas tomaram em maio.
O Hamas negou as alegações, com Izzat al-Rishq, um alto funcionário do Hamas e disse que o grupo "está comprometido com o acordo de cessar-fogo que foi anunciado pelos mediadores".
O acordo de cessar-fogo atraiu uma resistência feroz dos parceiros da coligação de extrema-direita de Netanyahu, da qual o primeiro-ministro israelita depende para se manter no poder.
Na quinta-feira, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, ameaçou abandonar o governo se Israel aprovasse o cessar-fogo.
Não houve qualquer comentário imediato de Ben-Gvir após o último anúncio de Netanyahu.
O ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, Badr Abdelatty, apelou a Israel e ao Hamas para implementarem um plano de cessar-fogo em Gaza "sem qualquer demora", numa entrevista à The Associated Press.
O Egito tem sido um mediador fundamental entre os dois inimigos durante anos e um dos principais intervenientes nas negociações relacionadas com o cessar-fogo.
O acordo anunciado na quarta-feira pode dar tréguas aos combates da guerra de 15 meses que desestabilizou o Médio Oriente e provocou protestos a nível mundial.
Mas o acordo não pode ser aplicado enquanto não for aprovado pelo Conselho de Segurança e pelo Governo israelita.
O Hamas iniciou o conflito com um ataque a Israel, a 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1200 pessoas e fez 250 reféns.
Israel respondeu com uma ofensiva devastadora que matou mais de 46 mil palestinianos, segundo as autoridades sanitárias locais, durante os combates, não distinguiram entre civis e militantes, mas afirmaram que as mulheres e as crianças representam mais de metade dos mortos.
A ofensiva arrasou vastas áreas da Faixa de Gaza e obrigou cerca de 90% da população de 2,3 milhões de habitantes, a abandonar as suas casas.
Centenas de milhares de pessoas estão a lutar contra a fome enquanto vivem em campos de refugiados na costa do território.