Em declarações à Euronews, Eylon Levy, um antigo porta-voz do governo israelita, disse ser provável "haver várias semanas" de ação militar israelita, "porque o programa nuclear do regime iraniano é enorme."
Israel e o Irão trocaram uma série de ataques aéreos esta segunda-feira, o quarto dia de combates numa escalada de conflito que começou após um ataque israelita sem precedentes a Teerão na semana passada.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que o ataque aéreo contra o complexo nuclear de mísseis e militar do Irão foi uma operação para "fazer recuar" a ameaça iraniana à sobrevivência de Israel.
Segundo um antigo porta-voz israelita, Eylon Levy, a atual operação israelita poderá prolongar-se mais do que o previsto.
"É provável que haja várias semanas de ação militar israelita, porque o programa nuclear do regime iraniano é enorme", afirmou Levy em entrevista à Euronews.
"Lembremos que o regime iraniano não construiu um, ou dois reatores, para desenvolver urânio para isótopos médicos ou energia civil. Construiu as suas instalações nucleares muitas vezes no subsolo", explica.
"Fordo está debaixo de uma montanha porque faz parte de um programa de armas nucleares", concluiu.
Levy acrescentou que o Irão começou a guerra com 360 lançadores de mísseis balísticos, mas que Israel destruiu um terço desses lançadores. "Por isso, Israel vai demorar algum tempo a neutralizar a ameaça regional do regime iraniano, mas, até agora, tem trabalhado muito rapidamente", explicou Levy.
Até à tarde de segunda-feira, pelo menos 220 pessoas tinham sido mortas em todo o Irão por ataques israelitas, enquanto o número de mortos dos ataques com mísseis iranianos em Israel era de pelo menos 24.
À medida que aumentam as preocupações sobre a possibilidade de o conflito se transformar numa guerra regional.
O Irão afirmou que não negociará um cessar-fogo enquanto estiver sob ataque israelita, mas Levy acredita que Teerão não está em posição de ditar os termos de uma negociação.
"Israel matou o chefe das suas forças armadas, o chefe da sua força aérea e os serviços secretos; destruiu um terço dos seus lançadores de mísseis balísticos, controla os céus do Irão e está a bombardear à vontade as instalações ilegais de armamento nuclear do Irão", afirmou.
"Se o regime iraniano quiser desmantelar pacificamente o programa de enriquecimento de urânio, que construiu com o objetivo de construir armas nucleares para destruir Israel, é bem-vindo. Mas não vai obter um cessar-fogo incondicional", avisa Levy.
O ex-governante israelita acredita que o Irão poderá querer ganhar tempo, manter negociações falsas, enquanto se prepara para uma bomba nuclear.
Teerão acusa os Estados Unidos de serem cúmplices dos ataques de Israel à República Islâmica, algo que Washington nega, apesar das declarações contraditórias do presidente norte-americano, Donald Trump.
Durante a sessão de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, realizada na sexta-feira, os EUA instaram Teerão a "ser sensato" negociar o seu programa nuclear.