Segundo testemunhas oculares, foram efetuados ataques aéreos maciços na cidade durante a noite de segunda-feira, uma das últimas zonas da Faixa de Gaza a não sofrer danos significativos devido à guerra entre Israel e o Hamas.
Os militares israelitas lançaram uma operação terrestre, na segunda-feira, na cidade de Deir al-Balah, no centro de Gaza, um dia depois de terem distribuido panfletos nos bairros a aconselhar as pessoas a saírem da cidade.
Esta era uma das últimas áreas da Faixa de Gaza que ainda não tinha sofrido danos significativos com a guerra.
Testemunhas oculares confirmaram que, além da operação terrestre, foram vários os ataques aéreos maciços durante a noite de segunda-feira na cidade.
A cidade acolhe milhares de palestinianos deslocados do sul de Gaza e é também o principal centro de distribuição de ajuda devido à sua localização central.
O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) advertiu contra a realização de uma operação militar em Deir al-Balah, depois de as FDI terem dado ordens de retirada da cidade no domingo.
"O OCHA alerta para o facto de a ordem de deslocação em massa emitida hoje pelos militares israelitas ter desferido mais um golpe devastador nas já frágeis linhas de vida que mantêm as pessoas vivas em toda a Faixa de Gaza", afirmou a agência num comunicado.
"Com esta última ordem, a área de Gaza sob ordens de deslocação ou dentro de zonas militarizadas por Israel aumentou para 87,8%, deixando 2,1 milhões de civis espremidos numa área fragmentada de 12% da Faixa, onde os serviços essenciais entraram em colapso".
As Forças de Defesa de Israel ainda não divulgaram informação sobre os objetivos da última operação, mas fontes israelitas afirmaram que uma das razões pelas quais as FDI se têm mantido afastadas de Deir al-Balah é a suspeita de que o Hamas possa ter reféns na região.
O grupo militante ainda mantém 50 pessoas em cativeiro em Gaza, pelo menos 20 das quais pensa-se que ainda estão vivas.
A nova operação militar surge depois de Gaza ter sofrido, no domingo, o dia mais mortífero para os que procuram ajuda em mais de 21 meses de guerra, com pelo menos 85 palestinianos mortos quando tentavam aceder a alimentos, de acordo com funcionários locais e da ONU.
O número mais elevado de mortos registou-se no norte de Gaza, onde a situação é especialmente desesperada, quando pelo menos 70 palestinianos foram mortos ao tentarem chegar à ajuda que entrava pela passagem de Zikim com Israel, segundo as autoridades sanitárias.
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas declarou que 25 camiões com ajuda tinham entrado para "comunidades esfomeadas" quando se depararam com multidões.
As forças armadas israelitas afirmaram que os soldados dispararam tiros de aviso contra uma concentração de milhares de palestinianos no norte de Gaza que representava uma ameaça e que tinham conhecimento de algumas baixas.
O exército israelita também rejeitou os relatos de vítimas, considerando-os "exagerados".