Em dois dias de greve dos taxistas contra a subida do preços dos combustíveis, foram ainda feitas 1214 detenções. Ainda assim, o ministro angolano da Administração Interna garante que a situação está controlada.
Ao cabo de dois dias de greve dos taxistas em Angola que redundou em vários episódios de vandalismo, a ordem foi reposta nas ruas, segundo o mais recente balanço feito pelo ministro angolano da Administração Interna.
"A situação de segurança no país é calma", afirmou Manuel Homem, à margem do Conselho de Ministros no Palácio Presidencial da Cidade Alta, em Luanda.
Os tumultos que a paralisação acabou por gerar resultaram, segundo os dados oficiais, em 22 mortos, incluindo um polícia, e 197 feridos, adiantou o governante. Quanto ao número de detidos, aumentou para 1.214 em dois dias.
As manifestações, de acordo com o ministro, tiveram maior expressão nas províncias de Luanda, Huíla, Huambo e Ícolo e Bengo, estando a desordem contida em todas elas, afirma o governo.
Na terça-feira, prolongaram-se os focos de tensão com pilhagens em estabelecimentos comerciais e destruição de viaturas públicas e privadas na capital angolana. Além dos saques, registaram-se em Luanda confrontos entre a polícia e centenas de jovens, ocorridos em alguns bairros, apurou o Novo Jornal.
As lojas, os mercados informais, incluindo o de São Paulo, habitualmente repleto de movimento, e os postos de abastecimento de combustível estiveram fechados. As principais avenidas da capital estiveram desertas e a maioria da população ficou recolhida em casa.
“Hoje tivemos as nossas forças muito mais atentas, muito mais próximas das ocorrências e esses atos foram reprimidos de forma contundente, o que permitiu que por volta das 16:00 a ordem estivesse praticamente reposta”, referiu o subcomissário Mateus Rodrigues, da Polícia Nacional, no balanço das últimas 48 horas.
Os autocarros da TCUL (Transporte Colectivo Urbano de Luanda) voltarão a circular a partir das 11:00 desta quarta-feira, avança o Jornal de Angola, para garantir normalidade na mobilidade. É uma das medidas de segurança preventivas tomadas para proteção dos cidadãos, disse fonte do governo à Agência Angola Press.
Greve continua esta quarta-feira
A direção da Associação Nacional dos Taxistas de Angola anunciou o fim da greve de três dias, mas a delegação da organização em Luanda decidiu permanecer fiel ao plano inicial e mantém a paralisação até quarta-feira.
Os táxis angolanos, os chamados candongueiros (azuis e brancos), substituem os transportes públicos que, em Angola, são poucos e não conseguem cobrir a procura. No início deste mês de julho, o preço do gasóleo aumentou 30%, o que resultou na subida das tarifas destes táxis, que são o meio de transporte preferido de muitos angolanos.
Esta escalada dos preços reflete uma eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis por parte do governo angolano, que procura estabilizar as finanças públicas.
Além da crise fiscal, Angola tem de pagar uma dívida externa de cerca de 9 mil milhões de dólares no próximo ano. A elevada dependência das receitas do petróleo deixa o país vulnerável às variações nos preços internacionais do crude.